O recente caso da legionella em Vila Franca de Xira é um sério alerta do maior desastre que ainda nos espera.
Portugal é hoje, sabemo-lo, um potencial viveiro de surtos, endemias e pandemias de contágios e doenças em resultado de inúmeros meios e formas de contaminação ambiental, envenenamento e destruição do meio ambiente, da natureza, e, em particular, a agressão à saúde humana.
No curto prazo, em resultado da progressiva e generalizada degradação ambiental a que temos vindo a assistir impavidamente nos últimos 30 anos, se rapidamente não se tratar de debelar ou, pelo menos, limitar, os graves focos de poluição e tantos outros danos e agressões ambientais e de destruição da natureza, iremos, certamente, enfrentar novos e alargados desastres sanitários e ecológicos.
Basta atentar para as inúmeras, danosas e indiscriminadas fontes poluentes que proliferam à nossa volta, com a libertação de gases e emanações, descarga de efluentes para a água e o depósito de resíduos para os solos, tudo se fazendo sem controlo, cuidados ou limites, para notar o grave problema em que estamos já mergulhados.
E este crescente desastre ambiental, com o envenenamento do ar, dos solos e dos meios aquáticos, qual bomba atómica antinatural, tem contado decisivamente com a cumplicidade laxista por parte do Estado.
A irresponsabilidade pública, do Estado Central, nomeadamente do Ministério do Ambiente, sem esquecer a das Autarquias, tragicamente, substituiu-se às nossas obrigações europeias e internacionais de debelar os focos poluentes, conformando as atividades humanas e industriais às melhores técnicas industriais e ambientais, em ordem à preservação e proteção do meio ambiente e natural e, em última análise, da saúde pública.
A incúria estatal na matéria dos cuidados ambientais, ou combate à poluição, é mais uma trágica forma de agressão do poder público aos cidadãos, tal qual como uma qualquer outra forma de corrupção ou abuso de poder.
Assistimos igualmente a uma errática política governamental, em que o seu mais recente exemplo de demagogia foi o famigerado pacote de “impostos verdes”!
Mas os portugueses não podem mais continuar a permitir este estado de coisas, porque, e em derradeira análise, estamos participar na destruição futura da saúde das pessoas, do meio ambiente, da flora, do meio animal e dos recursos naturais.
O futuro está hoje em jogo, a sobrevivência planetária exige a nossa imediata e responsável ação de preservação e cuidado ambiental.
(artigo do autor publicado na edição de 1 de Dezembro de 2014 do mensário regional Horizonte, de Avelar, Ansião, Leiria - http://www.jhorizonte.com)