Já pensaram bem na diabólica lógica perversa que preside à governação económica de baixar sucessivamente a carga fiscal sobre as empresas e, em contrapartida, aumentá-la sobre os rendimentos do trabalho?
Com isto o que se faz é, fundamentalmente, premiar e incentivar ainda mais a exploração do trabalho, especialmente a do trabalho assalariado ou dependente.
Tudo isto que sucede sem que nós aqui nos debrucemos no aumento da precarização-precariedade do trabalho e das condições a ele associados, portanto, no aumento da fragilização tanto do factor trabalho e como da pessoa humana a ele associado e, concomitantemente, o perverso ainda mais perverso resultado do aumento da subalternização das pessoas dos trabalhadores ao poder de exploração dos detentores dos meios de produção e ou do capital.
Ora, uma sociedade assim só pode caminhar inevitavelmente para o esclavagismo que, ao contrário que havíamos tomado como assente desde meados do Século XIX, afinal não só não deixou de ser perseguido e proibido como, ao invés, agora no início do Século XXI, parece estar a ser de facto e de jure permitido e incentivado.
Isto assim, digo-o sincera e gravemente preocupado, adquire contornos de pesadelo humano!
A necessidade de tantos impostos é simples: neste país trabalham menos de 2 milhões, que sustentam os outros quase 9 milhões.
Ou seja: cada português trabalha para sustentar outros 5 ou 6.
A conta é fácil de fazer: população ativa 4.2 milhões.
Recomendo vivamente que saibam quem constitui a população ativa, ficarão deveras espantados como este mundo é uma verdadeira ironia!
Ora, subtraiam-se: 1 milhão de desempregados (incluídos os emigrantes nos 2 últimos anos e não contabilizados nas Estatísticas oficiais); 300 mil funcionários públicos que tratam dos assuntos dos outros 600 mil; 300 mil em números de baixas e licenças diversas ao trabalho; 300 mil na formação profissional; 200 mil com invalidez temporária ou de baixa; 200 mil nas forças de segurança policiais e privadas; 50 mil políticos e seus assessores; 50 mil de trabalhadores fictícios (sócios-gerentes, licenças várias, empregados fantasmas, etc.); 50 mil colocados pelo Subsídio de Desemprego em Instituições várias; 50 mil religiosos; 20 mil dirigentes de sindicatos; 20 mil nas I.P.S.S. que vivem de angariar fundos e 40 mil funcionários do Fisco.
De certeza que me escaparam algumas dezenas de milhares, e não contei os imigrantes.
E aqui não nem me atrevo a falar da baixa produtividade no trabalho.
E quem paga a todos os que não trabalham?
Nós os contribuintes, com tantos e tantos impostos e taxas que diariamente temos que suportar.
Mas não me esqueço dos idosos e reformados: vejam-nos a trabalhar nos campos, a fazer serviços de limpezas, a fazer a lida das casas dos casais e filhos jovens, a tomarem conta dos netos a fazerem part-times mal remunerados, e tantos e tantos outros trabalhos e tarefas essenciais que ninguém quer ou se ocupa, mas que sem as quais este país não sobreviveria.
Tudo isto tem que nos deixar a pensar e, pelo menos, fazer uma pergunta: para onde caminha Portugal?