A Ministra da Saúde, Marta Temido, nos últimos dias de Setembro, depreciando os críticos da sua condução do Ministério, teve o dislate de preferir que “a governação socialista não é autista”.
Ora, eu como pai de uma criança autista, indignei-me com o que Senhora Ministra, no que até poderia ser mera tolice, mas raia a insolência e a cobardia, com a ofensa aos mais fracos e mais incapazes.
Um qualquer profissional de saúde, ainda para mais o mais alto responsável político da tutela, devia saber que o autismo é um grave e relevante problema de saúde mental, revelando-se num transtorno neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo.
Ora, se nós vivêssemos num país onde o conhecimento e a competência norteasse e escolha de titulares de cargos políticos, a justiça funcionasse com a força e a razão de merecida autoridade, ou ao menos os órgãos de soberania agissem no respeito da democracia e do povo, mas não…, aquela rufia não governaria nem mais um dia.
Mas nós vivemos num país em que o mais alto poder político se expressa na sua mais escancarada e vil ignorância, ou não fosse o Presidente um cupido amante da autofotografia, onde as instituições se afundam nos delitos e crimes dos seus titulares, e a legalidade até pode ser vendida por um prato de lentilhas.
George Orwell escreveu um dia que “de maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância”, e os tempos atuais portugueses confirmam-no.
O poder da ignorância na fundação da República Portuguesa pós 25 de Abril de 1974, melhor dita república da ignorância, resplandece na vulgaridade que presenciamos um pouco por toda a nossa volta.
Na hodierna sociedade do conhecimento e da informação instantânea, a escravidão moderna dos indivíduos não funciona como outrora, baseada na coerção e na força, mas no controle do pensamento, assente nas estratégias de manipulação, alienando o indivíduo e transformando-o em um autómato incapaz de escrever uma linha da sua vida com suas próprias mãos.
E as ideologias políticas quanto mais acirradas e extremistas forem, melhor e mais dotadas se apresentam do manancial de meios e ferramentas de disseminação da ignorância.
O poder político e a sua qualidade, ou categoria, são apenas a fiel expressão do seu povo, posto que os nossos governantes e representantes são políticos eleitos diretamente pelo Povo.
Afinal, de quem poderemos nós nos queixar da ignorância do poder, ou do poder da ignorância, senão de nós mesmos.
(twitter: @passossergio)
(artigo do autor, publicado na edição de 30 de Outubro de 2020 do jornal mensário regional "Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)
No passado 25 de Abril vimos a oligarquia do regime a fazer alegremente a sua comemoração privada na Assembleia da República, tudo pago pelo povinho.
Já o Povo ficou confinado em casa, caso se atrevesse a sair à rua para celebrar era imediatamente ”convidado“ a fazer marcha atrás, sob pena de ser conduzido ao posto da polícia mais próximo e, posteriormente, responder pelo crime de desobediência.
As tísicas comemorações do 25 Abril na Assembleia da República, compostas por 60 oligarcas, escolhidos das plutocracias dos Partidos Políticos, e uns quantos mamões da República.
Está por fazer o 25 de Abril, vivemos sob a ditadura da Partidocracia altamente corrupta.
A pandemia do Covid19 vai servir para justificar um novo monstruoso endividamento do Estado Português, os excessos do funcionalismo público e os vícios da oligarquia ditam a lei.
O povo português, em todos os tempos, sempre se conheceu pobre, trabalhando incansavelmente de noite e de dia, limitando-se a matar a fome com as migalhas que sobram da mesa da burguesia estatal.
Mais dívida pública são mais vícios e desperdício para benefício da oligarquia e dos seus meninos e meninas, mais encargos e sacrifícios para o povo e o futuro dos seus filhos.
A austeridade vem aí com mais impostos, em volume e em número, com especial incidência nos contribuintes privados, mais cortes nos apoios sociais, mais cativações e uma miríade de novas taxas e taxinhas.
No setor privado abundará o desemprego, o preço das dívidas monstruosas do Estado que oneraram os esforçados trabalhadores, operários e empresários.
O problema da economia portuguesa só resolverá no dia em que os mais de 5 milhões de arregimentados do Estado sejam postos a trabalhar e a produzir, retirados da vida parasitária e ociosa.
Produzir e poupar são coisas não fazem parte do pensamento e do vocabulário destes manda-chuva.
Os campos, os vales e as serras de Portugal jazem abandonadas ao arbítrio do desperdício, do mato e dos animais selvagens, para que as poderosas bestas livremente destruam o que resta da pátria.
Nem tão-pouco lhes interessa debelar a corrupção no Estado Português que custa anualmente aos contribuintes 18,2 mil milhões €, são “só” duas vezes o orçamento de toda a Saúde dos portugueses.
Este montante chegava e sobrava para termos os hospitais, médicos, enfermeiros, medicamentos, máscaras, proteções, desinfetantes, respiradores e muitos outros meios que agora nos fazem falta para proteger e tratar de todas as pandemias, a fome e muitas outras carências que sucessivamente nos assolam.
Mas o lema de António Oliveira Salazar faz escola nestes oligarcas, “manda quem pode obedece quem deve.”
(twitter: @passossergio)
(artigo do autor, publicado na edição de 30 de Abrilde 2020 do jornal mensário regional "Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)