Excelentíssimo Senhor
Presidente da República:
Venho mostrar-lhe a minha profunda indignação, choque e tristeza com o estado a que chegou a Justiça em Portugal, com o processo Freeport.
Não preciso sequer dizer-lhe do que o Senhor sabe, e do que deve até estar mais informado e conhecedor do que eu.
Viu as notícias de hoje do jornal Expresso?
"Cândida Almeida negociou não ouvir Sócrates. Foi a diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, Cândida Almeida, que decidiu incluir as 27 perguntas no despacho final do Freeport como moeda de troca para não inquirir José Sócrates. - no jornal Expresso de hoje. Bem... isto a ser verdade, é um dia de luto para mim. De profunda tristeza. A Justiça morreu.
É este o Estado de Direito consagrado na Constituição da República? Estou chocado, e muito triste. Tristíssimo. Não tenho mais palavras. Como Advogado hoje é para mim o dia da vergonha. Dia da vergonha. Dentro de mim o sentido de Justiça está a chorar. E a si?
E o que vai fazer perante esta indignidade que abala Portugal? Não chama ninguém à responsabilidade e os manda demitir? Não pede responsabilidades ao Governo e ao Procurador-Geral da República?
Vergonha é o que se pede para este País.
A democracia está moribunda, e o que é que o Senhor Presidente faz?
Está à espera que Portugal agonie até à morte? Até que o Povo se levante e vire uma anarquia? Está à espera que portugueses façam justiça pelas suas próprias mãos? Que faz? Que faz?
Basta, tenho vergonha da situação a que Portugal chegou e ninguém faz nada!
Tenho vergonha do Estado e do silêncio das Instituições e do marasmo dos Órgãos do Estado!
Eu sei o que faria rapidamente e de imediato poria fim a esta situação. Dissolva o parlamento e convoque eleições. Diga em público que não confia no PGR. E convoque o Conselho de Estado e chame a si os destinos da governação de Portugal e do Estado. Assuma as responsabilidades Constitucionais que lhe estão confiadas pela CR. Aja. Aja de imediato.
Cumprimentos respeitosos.
Sérgio Passos.
No caso do Sócrates e de muitos outros da laia dele, que infestam a altas instituições de imenso aparelho de Estado, das Empresas Públicas e demais Participadas e da inúmera classe política, basto-me com pequenas mas sábias e milenares lições de sabedoria popular: “diz-me com quem andas dir-te-ei quem és”.
Nunca a Ciência Política e a Justiça alguma vez terão ar suficientemente puro para explicar tão mundanas coisas.