A insensibilidade dos Governos para a atualização da tabela dos honorários dos advogados prestadores na Proteção Jurídica, ou Apoio Judiciário, pode ser explicada pela angariação de fortuna de certos atores políticos.
Nunca conheci quaisquer Primeiro-Ministro, Ministro da Justiça ou Ministros que se tivessem ocupado profissionalmente no Apoio Judiciário.
O que conheço a muitos deles são os seus privilégios no acesso aos milionários ajustes diretos dos contratos de prestação de assessoria jurídica às Câmaras Municipais, Ministérios, Governos Regionais e organismos públicos.
O Estado assumiu o móbil da eliminação da advocacia individual e proletária, nas recentes alterações legislativas ao Estatuto da Ordem dos Advogados e seus regulamentos.
Logo, os pequenos advogados, desprovidos dos contactos escusos no acesso à manjedoura do Estado, têm os dias contados.
O Serviço Nacional de Saúde vive em estado de coma, mergulhado sob uma gestão ruinosa, no absentismo laboral, desperdício e subfinanciamento.
O horário de trabalho de 35 horas semanais na Função Pública, soma-se à baixa produtividade e ao absentismo dos funcionários,
Aos portugueses resta, os que puderem pagar, Seguros de Saúdes para ir ao privado, se não quiserem morrer, ou deixar morrer os familiares, nas filas de espera.
Quem tem dinheiro recorre aos serviços médicos e hospitalares privados, o SNS não passa de um mero engodo eleitoral para os pobres.
O Governo PSD, após um início de promessas de aumentos e regalias para todos, descidas de impostos e muitas borlas, começou a dar o dito pelo não dito, recorrendo ao agravamento do preço dos combustíveis, das taxas e taxinhas.
É uma ilusão qualquer promessa de descida de impostos, até que a despesa pública não baixe significativamente e o Estado emagreça.
Mais um ano e mais uma gravosa calamidade com os incêndios florestais.
Os principais incendiários, com todas as consequências, são o Estado, os Governos Regionais, as Câmaras Municipais e os seus autarcas, que não cumprem minimamente as suas obrigações legais de gestão florestal.
À nossa volta vemos o abandono da floresta, as copas e o mato chegam à porta dos edifícios, casas e invadindo as estradas, como todo o seu potencial poder destrutivo e mortal.
Os Municípios e o Estado, prenhos de funcionário desocupados e excedentários, entretidos em atestados e burocracia, dedicam-se à promoção de pândegas, vícios e negociatas.
Basta ver os arruamentos das nossas vilas e aldeias cheios de lixo, ervas e mato, esburacados e degradados, os meios rurais são um pardieiro.
O laxismo e a incompetência fazem a sua lei, o país real que se amanhe, logo vem um cheque de Bruxelas para se refastelarem as personagens do regime, sobrando as migalhas para o povinho.
Os incêndios destroem o património e a natureza, aumentam os pobres e aniquilam as empresas, desertificam o território e crescem as cinzas.
Seguem-se os funerais e o rescaldo das misérias, pavoneiam-se os altos cangalheiros e as pitonisas de Estado.
Portugal, o país do faz de conta.
(artigo do autor, publicado na edição de 1 de outubro de 2024 do jornal mensário regional "Jornal Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)