Gosto de gente.
Gente que te olha nos olhos.
Gente que se reparte por inteiro.
Gente que entende o valor do simples.
Gente que não complica.
Gente que não tem medo de abraçar sem medida e sem malicia.
Gente com sorriso largo.
Gente de coração acolhedor.
Gente que é sensata.
Gente que reconhece suas limitações.
Gente que saber discernir sem julgar.
Gente sempre disposta a recomeçar.
Eu gosto de gente que não tem medo de ser o que é.
Eu gosto de gente, simples assim!
Há um recanto no espaço entre este arvoredo
Por aqui onde se enrolam e abraçam os ramos
Neste canto há uma vida encoberta, contudo
Aqui mesmo correram vidas, correm dias e correrias
Neste dia e nesta noite há aqui uma luz cantando
A uma só voz são perspectivas se digladiando
Vou neste caminho nesta passagem
Vou nesta vereda nesta desfolhada
O ser é um ter de experiências e contos
Aqui há passados, presentes e vindouros
Uma vida de várias vidas fazendo a sua natureza.
Há aqui um recanto e nele abundam vidas
O sol espreita lá de cima e entre as ameias
Dias não são dias nem são, e
Nem só de pão são feitas as nossas tristezas
Noites não são dias nem de noite, e
Nem só da fartura nem da alegria não
Tenho dias e não tenho, dias são
Tenho o meu canto e me canta e me cansa
Pode até chover e haver dúvidas neste recanto,
Mas seguramente eu juro e não devo, exijo
Há-de haver onde se façam o seu sol e as suas respostas.
Corro estradas e caminhos sem fim
Percorro e corro quem e não sei
São avenidas rectas e curvas enfim
O som da vida é acústico hei
Este trajecto não cruza nem toca no céu nem
O som da vida é acústico e destoa
Vou adiante corro, caminho de pé sem
O bater no chão dos meus pés são passos
O tamanho destes tantos são dias e noites
Os lados dos caminhos têm muros tão altos quanto
Adiante daqueles bordos multi-coloridos hão-de vidas
Para além da minha vista são ouvidas
O sol para além se deita amanhã e volta na alvorada
A vida é um caminho aleatório e tem cansaço
O futuro é um dia adiante do outro de avanço
O rumo sem sentido de partida e tem chegada.
Já escrevi poemas para muitas
Já os escrevi a umas e dei-os a outras
Os poemas são para as mulheres
Elas são os meus poemas são para elas escritos
As mulheres sem dúvida são para os poemas
Sem dúvida alguma as musas são os poemas
Sem dúvida alguma os poemas são mulheres.
Já escrevi com e sem inspiração
Já dei poemas a quem merecia e não
Os poemas são mesmo para as mulheres
São mulheres, são poemas e são escritos
Sem dúvida são poemas e são mulheres
Até tenho dúvidas o que os poemas me contam
Mas não tenho dúvidas que os poemas são mulheres.