A proposta-sugestão de Manuel Alegre de reformar a lei eleitoral para a Assembleia da República, de modo a permitir a eleição de independentes, é, no meu modesto ver, mais do mesmo discurso inócuo e sem qualquer fundo de honestidade política.
O que ele propõe, na verdade, são apenas novas candidatura de novos partidos, ou proto ou cripto partidos, ou seus futuros embriões, apenas que momentaneamente travestidos de movimentos de cidadãos, ou, na melhor das hipóteses, o que é o mais provável, esses movimentos servirem de satélites dos partidos atuais e dominantes do Bloco Central.
Não esquecemos os movimentos dissidentes de outrora, como foram nos anos 70 a ASDI (os dissidentes do PPD, da ala esquerda, com muitos socialistas e em choque com Sá Carneiro), o Movimento Socialista Revolucionário (de Jorge Sampaio), e nos anos 80 a Política XXI, e muitos outros, que, curiosamente ou não, acabaram todos filiados no PS e muitos deles até chegaram a altos cargos governativos e políticos portugueses.
Eu digo, com verdade, que as únicas e viáveis candidaturas de candidatos independentes só poderão ser vir a ser realmente viáveis por meio de círculos uninominais e pessoais, e eleitos por método maioritário.
Os portugueses democratas têm de se enxergar e não se deixaram enganar, porque estes velhos e sabidões dinossauros da política portuguesa apenas sabem mentir e nada mais pretendem do que endrominar o povinho e manter tudo na mesma, a seu belo contento e para a satisfação da partidárias a que pertencem e obedecem!
A Constituição da República atual até tem previsto a criação de círculos uninominais no seu artigo 149.º, n.º 1.
Mas, o que é facto, é que esta regra que se tem revelado letra morta, paradoxalmente, ou talvez não, não tem sido viabilizada legalmente a apresentação de candidatos independentes, pessoas individuais e fora dos partidos políticos.
Na verdade, é que sempre imperou desde o 25 de Abril de 1974 a partidocracia, que tudo domina tudo e controla a seu belo prazer.
Por outro, Passos Coelho veio agora, uma vez mais, e já foram tantas as anteriores, prometer que os impostos um dia, não sabemos é qual, porque ele não o diz, ainda hão-de baixar, mas que para o ano fica… tudo na mesma!
Mas nesta mentirinha só caem os portugueses ingénuos.
O princípio que preside ao aumento da carga fiscal sobre os contribuintes, ou seja, o aumento da carga tributária, é apenas um fim em si mesmo, tendo unicamente em vista, na quantidade, o aumento do rédito sobre as pessoas e as empresas, no modo, em favor e privilégio da autocracia política e governativa dirigente e, no tempo, a sua manutenção ad eternum, ou seja, a sua perpetuação.
É que não há qualquer exemplo no mundo civilizado de um qualquer Estado ter baixado voluntaria e pacificamente os impostos, tal só aconteceu sempre por meio de uma alteração social e política violenta, ou seja, por via revolucionária.
Ora bem, o que estes personagens tentam passar nas suas mensagens subliminares, ainda que fantasiosas e falsas, são tão-somente socialismo no seu maior esplendor!
A ideia peregrina de Passos Coelho na Revisão Constitucional, neste tempo de tão grave crise económica, é na verdade a melhor imagem do delírio patético dos políticos. Olhassem eles como devia ser para a Constituição norte-americana, que só tem 7 artigos e 27 emendas, e seria caso para os mandarmos irem limpar “o dito cujo” a mais a tais invenções. Nos problemas reais do país não pensam eles. E nem querem saber.