Cada vez mais confirmo o que há muitos anos atrás um dia pôde ler, já não me lembro do nome do seu autor, que dizia o seguinte: "não há nada como a estupidez humana para bem compreender a infinita extensão do Universo".
Quando leio ou ouço dizer a alguns pseudo e falsos democratas que é por meio do estabelecimento de mais desigualdades que vamos eliminar as graves desigualdades já existentes lembro-me sempre daquela inteligente frase e concluo como o quanto estúpidos podem ser algumas pessoas.
Cito aqui alguns recentes exemplos que tenho lido ou ouvido e que me avivam aquela frase: que será pela implantação da monarquia, ou seja, pelo restabelecimento legal dos privilégios ou descriminação de sangue ou de apelido a favor de umas quantas famílias, que se irá criar mais diginidade, democracia ou mais igualdade em Portugal (só se for por meio da disseminação dos bastardos, ou quiçá a realeza emprenhando o maior número possível de sopeiras..., digo eu); ou que pode ser o comunismo, portanto um regime de opressão sobre as pessoas, de repressão sobre as suas liberdades e as diferenças, que se irá criar uma sociedade de pessoas mais iguais (só se for mesmo pelo assassinato das demais pessoas que pensam diferente..., digo eu); ou que o regime português funcionará melhor com a constituição de um senado composto pelos reformados e velhos da governação e da política (e já agora, também lhes vamos dar umas pensões vitalícias de umas dezenas de milhares de euros por ano???); ou, aquela ainda mais idiota ideia da Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que a democracia portuguesa pode melhorar com umas tertúlias dos deputados e dos partidos com os cidadãos (só se for bem regada com vinho e com melhor comida, ao tipo de Roma antiga com “pão e circo”, ... pois deve ser), etc., etc.
Às vezes dou-me conta a pensar que no Guiness, Portugal deve constar num dos primeiros lugares do ranking no capítulo da estupidez humana, não sei é se está no primeiro lugar, ou num dos seguintes, em troca e à vez com a Venezuela, a Coreia do Norte ou o Irão do regime dos Aiatolas!
Numa coisa tenho de concordar com alguns historiadores e politólogos, a causa maior do empecilho da evolução democrática em Portugal são o poder dumas quantas mesmas famílias aristocráticas e que vêm já, com os seus arreigados hábitos de superioridade, arrogância e prepotência, desde meados do Século XVII e finais do Século XIX, a maioria delas que depois se converteu ao poder especulativo e financeiro, e as restantes foram-se alcandorando, através dos mais escusos e manhosos truques, cunhas e favores, nos altos lugares e bem pagos da burocracia e da diplomacia do Estado Português.
Mas eu ainda quero acreditar que os portugueses são bem mais inteligentes e não se vão deixar sempre levar por estes arautos hipócritas e pelas suas falsas e mentirosas ladainhas e, um dia no nosso futuro, Portugal ainda irá mudar profundamente e para bem melhor!
Tenho esperança!
A (ideia na) Monarquia é emocional e sentimental, não é racional, não é democrática, nem sequer lógica, e com isto tudo torna-se mesmo muito difícil discuti-la.
É fundamentalmente uma simples crença, mas é muito complexa para quem acredita nela porque adquire um carácter transcendental de fé ou mito numa convenção, pode até mesmo assumir-se como um tabu.
Na sua compreensão, temos, sobretudo, de entender as pessoas que acreditam na sua ideia e o fenómeno psicológico que está por detrás desta aceitação, assumindo contudo em muitas pessoas e dos casos dos seus crentes fanáticos o caráter de uma esquizofrenia social e política, portanto podendo até ser um caso para a psiquiatria..
A ideia monárquica torna-se ainda mais irracional quando apela ao carácter divino da sua fundamentação.
Não se percebe mesmo como é que um poder político, portanto temporal e humano, se pretende legitimar por meio do Divino.
O divino, como bem sabem os monárquicos, pretende-se intemporal e, mais importante, acima de todas as coisas terrenas.
E as famílias de sangue azul muito gostam de se rodear de fortunas e mordomias, e nunca desprezam mais sustentou e luxos pagos pelo erário público.O pior mesmo é que sabemos do passado e da História que as monarquias começaram todas a partir o poder de indivíduos tiranos e sanguinários, foi legitimada pelo uso da força do punho, da espadeirada, da coerção e da violação, e, muito especialmente, por meio do abuso das prerrogativas dos primogénitos sobre os demais irmãos.
Não há nada mais paradoxal e contraditório do que as monarquias legtimidas com o cristianismo: o apelo ao poder terreno com a legitimação do divino!
O fenómeno recente da recuperação da ideia ou da causa monárquica é mais uma forma fácil, romântica e idílica, mas sebastianista e logo perigosa, de tentar resolver os problemas modernos que as pessoas simplesmente, por preguiça e por inércia, não querem, nem estão sequer interessados, elas mesmas resolver.
É verdade que muita repúblicas, tal como a portuguesa, não resolveram os problemas nacionais, mas a monarquia é ainda menos democrática do que a república, logo, à partida está muito menos propensa para resolver os problemas reais e amplos dos seus povos.
A monarquia é mais uma forma de estatismo, de paternalismo e de plutocracia, vive e perpetua-se na dependência cívica política dos (seus) adeptos e crentes.
Até se pode perceber a natureza dos processos saudosistas e recuperação do "belo e glorioso passado", mas ainda é bem mais verdade e real que "águas passadas não movem moinhos".
No essencial a Monarquia é a aceitação, pela via legal e ideológica que, pelo simples facto da linhagem e do sangue, ou do apelido mais no caso dos bastardos, passa a ser aceitável e natural a diferença entre pessoas, famílias, ou cidadãos, da mesma nação ou país.
De um lado, os privilegiados e soberanos, por razão dos seus apelidos e sangue, e do outro lado, a ralé e os súbditos, que, ainda por cima, têm de pagar aos primeiros tributos e obediência.
A monarquia é deveras irracional, portanto do ponto de vista da lógica é estúpida: é a resignação artificial perante uma pretensa diferença entre duas espécies humanas, de um lado os seres humanos superiores, donos e líderes do poder político, iluminados, abastados e abençoados pelo Divino, e do outro lado, os seres humanos inferiores que, como forma de punição da sua condição inferior ou do seu "pecado original", estão obrigados a obedecer, servir e sustentar, sem reservas, aos primeiros e no seu proveito.
Na verdade, é a democracia, a antítese da monarquia, com a sua qualidade e a sua verdade populares, que fazem a diferença a contento e para a felicidade dos povos.
A monarquia não é mesmo nenhuma resposta ou solução consistentes ou pragmáticas para a realidade crua e dura dos problemas, senão, só serve mesmo, para mascarar esses mesmos problemas e, pior, adiar a sua resolução.
A república é a condição natural da inclusão e da igualdade entre todos os nacionais e, se for realmente verdadeiramente complementada com uma boa a participada democracia, torna a soberania do povo o meio, o objetivo e o fim da felicidade desses mesmos povos.
E aqui não se desdenha a monarquia enquando uma bela historieta ou um belo conto de fadas!
Correm nestes dias as teses e os apoiantes de mudança do Regime, ao caso, a crer nos fitos dos respectivos escritos, de uma mudança de República para uma Monarquia.
Ora, caso não fosse o meu elevado e sincero respeito pelas pessoas, sejam lá elas de "sangue azul" ou as de sangue comum e mortal, nestas últimas nas quais eu me incluo, eu diria que a conversa da Monarquia é para, no mínimo e na melhor das hipóteses, nos rirmos e às gargalhadas.
Isto para não chorarmos, que é o que apetece perante a miséria geral e a penúria em que o país está mergulhado!
Como em tantas outras coisas, esta história nova e fresquinha da restauração da Monarquia em Portugal é coisa própria de gente delirante e que vive, só pode mesmo, no mundo da fantasia, ou num qualquer mundo de "Alice no País das Maravilhas".
Neste país, como em tudo o mais que vemos escrito, mas o pior é mesmo vir de pessoas que julgávamos com algum tino ou juízo, parecem muito se preocupar com as "figuras" e com os "figurões"!
É a conversa costumeira da classe dirigente e mandante neste país: os problemas deles são os seus lugares, as suas regalias, os seus prémios e as suas comendas.
O seu assunto e tema são de tal modo e de tal maneira alheios à realidade e aos efectivos e graves problemas em que estamos mergulhados, que nem se preocupam, nem se ralam, minimamente com o real estado do país e a situação de fome em que centenas de milhares de pessoas já se encontram afligidas.
Semelhante a este alheamento e fuga à realidade de Portugal, qual negação maníaca da realidade, no que, aliás, os portugueses e muito especialmente as suas classes dirigentes e políticas desde há 38 anos, portanto desde o “25 de Abril de 1974”, são exímias, só consigo mesmo pensar no exemplo, tal qual, da Orquestra do Titanic a tocar valsas enquanto o próprio Titanic se afundava.
Mas, já com o Povo e a real e efectiva Democracia não vejo muitos sujeitos preocupados, melhor, não vejo nenhum figurão, opinador ou comentador, ralados, nem lhes interessa.
É o sinal bem próprio e comum nas cabeças ilustres e pensantes deste país: o país e as suas pessoas, que muito e duramente sofrem nos dias que correm, não contam para conta ou coisa nenhumas.
Os idosos morrem aos milhares de doença, de fome e frio, e, veja-se, a sua preocupação é o Rei!
Seria também o caso de perguntar se o putativo candidato a rei de Portugal se debate com os mesmo problemas das contas da luz, da farmácia ou das taxas moderadoras nos Centros de Saúde.
Mas, os ilustres apoiantes da Monarquia, parecem, uma vez mais, preocupados efectivamente com as suas pratas e as suas porcelanas, os seus futebóis e fados ou, na melhor das hipóteses, com as contas do rosário de um terço.
Perante isto eu fico-me como o "outro": "e o povo páh"?!
E as pessoas de carne e osso, que sofrem, choram e se agoniam com fome, doença e miséria?
Pelos vistos, estes comentadores só se preocupam mesmo com a saúde do Povo para e quando este, com os seus costados pague a crise, ou responda com o seu sangue o desmando dos reis ou dos presidentes republicanos.
Pois nós, daqui respondemos, e não esquecemos, que a Monarquia também levou Portugal no final do Século XIX à ruína e à insolvência, da qual só muito mais tarde, já com Salazar e no Século XX, viria a recuperar.
E já agora, porque o assunto vai longe e não rende nem paga a renda, caso a ideia peregrina da Monarquia fosse por diante, eu não posso deixar de perguntar: qualquer um de nós, portanto qualquer cidadão, também se pode candidatar a ser Rei?
Ou também aqui há uns mais iguais do que os outros???
Ou posta a questão de uma outra maneira: a Monarquia afinal é do Povo e para o Povo ou é só para benefício de alguns???
Desculpem-me lá “qualquer coisinha”, mas já me vai faltando a pachorra para o alheamento em que este país e as suas pessoas vivem!
Ou quiçá, eu me engane e esteja prometido, do que eu ainda não fui informado, e esteja para chegar algum "Dom Sebastião" com o alfobre cheio de ouro do Brasil para resolver os gravíssimos e profundos problemas de Portugal?
...
E Salvo o Devido Respeito!