A recente polémica sobre a identidade do jornalista espanhol e conteúdo das reportagens que elaborou sobre os incêndios e a manifesta desorganizaçãp e incompetência do proteção civil e do Governo Português, vêm nos mostrar quão preocupante e a que nível baixo chegou a liberdade informativa em Portugal.
Já sabíamos há muito que em Portugal não há uma comunicação social livre e crítica, antes pelo contrário, ela é servil e parcial para com o poder político, os partidos políticos instalados e o Estado, aliás refletindo a atitude geral dos portugueses de subserviência, de dependência e clientelar do poder partidário vigente e do Estado.
Por isso temos o país cada vez mais pobretana e miserável, sem civismo e sem civilidade, a democracia é um simulacro em que os partidos se vão perpetuando no poder para roubar Portugal e os portugueses, o futuro nacional vai-se hipotecando, Portugal se destruíndo e esvaziando de pessoas e dignidade e cada vez mais mafioso e criminal.
O tuguita, como disse o poeta romano Julius, gosta é de pão e circo.
Na verdade, ainda gosta mais quando o poder partidocrático dele abusa e goza.
Tristes portugueses estes da república abrilista, um dia o hão-de dizer as gerações futuras.
Relativamente ao jornalista espanhol em causa temos ainda de nos preocupar mais sobre a atual situação política portuguesa ao ele ter ele sido alvo, por banda de cobardes portugueses, maioritariamente não identificados, de ataques ao seu caráter e ao seu profissionalismo, e, ainda se torna mais estranha, a enorme preocupação e apetite pela sua identificação por banda do Sindicado dos Jornalistas Portugueses.
O Portugal político está a ficar mesmo muito perigoso, os Partidos Políticos parecem cada vez mais com hienas.
Entrementes, em 2014, a Justiça assumiu foros de protagonismo, José Sócrates foi preso, o BES faliu, os Espíritos Santo já foram “donos disto tudo”, Armando Vara ficou chocado (nós também!) e os robalos já tiveram melhor fama.
Os portugueses sabem hoje, melhor do que nunca, os seus políticos e governantes nacionais não são de fiar.
Até Luís Filipe Menezes invocou o seu lugar de Conselheiro de Estado (lembram-se de Dias Loureiro?) para esconder o seu mais que suspeito vultuoso património imobiliário!
Lá diz o povo “quem cabritos vende e cabras não tem de algum lugar lhe vem”!
A principal empresa envolvida na venda dos 2 submarinos ao Estado Português pagou 27 milhões de euros de “luvas”, 5 milhões dos quais tiveram como beneficiários os familiares Espírito Santo, incluindo Ricardo Salgado, o Ministério Público arquivou o processo de inquérito e Paulo Portas pode assim, finalmente, respirar de alívio.
Mas, todos nós sabemos hoje que, na sequência daquele manhoso e obscuro negócio, o CDS recebeu subitamente um donativo, ainda sem explicação, de mais de 1 milhão de euros.
A imoralidade governativa continua a tecer as malhas da corrupção nacional e os contribuintes é que pagam!
40 anos depois, o Estado Social conseguiu fazer mais pobres do que havia em 1974, são hoje 1 em cada 4 os portugueses diariamente passando fome.
Em contrapartida, o Estado vai dar 2,6 mil milhões às empresas públicas não-financeiras para pagarem à banca em 2015 o seu passivo bancário mais urgente, representando as falidas empresas públicas de transportes mais de 20 mil milhões de euros de dívidas.
O défice das contas públicas vai terminar 2014 (uma vez mais!) negativo, em 4,7%, e a dívida pública portuguesa subiu já a 216 mil milhões de euros!
A troika foi embora, mas Portugal teima em continuar a gastar “à tripa forra” à custa de mais dívidas e empréstimos.
O regime despesista português continua a fabricar pobres, greves, dívidas e impostos, a austeridade apenas pune quem trabalha e mais sofre.
E em 2015, “vira o disco e toca o mesmo”?
(artigo do autor publicado na edição de 1 de Janeiro de 2015 do mensário regional Horizonte, de Avelar, Ansião, Leiria - http://www.jhorizonte.com)