Há um recanto no espaço entre este arvoredo
Por aqui onde se enrolam e abraçam os ramos
Neste canto há uma vida encoberta, contudo
Aqui mesmo correram vidas, correm dias e correrias
Neste dia e nesta noite há aqui uma luz cantando
A uma só voz são perspectivas se digladiando
Vou neste caminho nesta passagem
Vou nesta vereda nesta desfolhada
O ser é um ter de experiências e contos
Aqui há passados, presentes e vindouros
Uma vida de várias vidas fazendo a sua natureza.
Há aqui um recanto e nele abundam vidas
O sol espreita lá de cima e entre as ameias
Dias não são dias nem são, e
Nem só de pão são feitas as nossas tristezas
Noites não são dias nem de noite, e
Nem só da fartura nem da alegria não
Tenho dias e não tenho, dias são
Tenho o meu canto e me canta e me cansa
Pode até chover e haver dúvidas neste recanto,
Mas seguramente eu juro e não devo, exijo
Há-de haver onde se façam o seu sol e as suas respostas.
Não admira que a sociedade ocidental esteja na ruína, sem esperança, sem fé nem ânimo e não saiba qual o caminho a tomar para o futuro.
Tomara: uma sociedade que tanto se fia, confia e baseia nas meras aparências, no consumo e no materialismo só pode terminar no esgotamento, no desastre, em coisa nenhuma e no seu próprio fim!
Afinal, quem quer mudar de vida?