"A vida como nós sabemos que é, entre outras coisas, depende de pelo menos 2.000 enzimas diferentes. Como poderiam as forças cegas do mar primitivo conseguir colocar juntos os elementos químicos corretos para a construção de enzimas? A probabilidade de isso acontecer é apenas de um em cada 10 elevado a 40.000 (1 seguido por 40 000 zeros). Isso é quase a mesma probabilidade de tirar com um dado o seis 50.000 vezes seguidas. "A chance de que formas de vida mais elevadas podem ter surgido dessa forma é comparável com a possibilidade de que um tornado a varrer um ferro-velho possa montar um Boeing 747 com os todos os seus materiais e equipamentos. Eu estou sem explicação para entender a compulsão generalizada dos biólogos em negar o que me parece ser óbvio."
em "O Universo Inteligente" (1983), de Fred Hoyle.
Não consigo entender, parece-me realmente surreal, e é verdadeiramente um atentado à identidade nacional, enquanto povo, nação e comunidade, o facto da Constituição da República Portuguesa não tem qualquer referência a Deus.
Um país, como Portugal, a sua população e o seu povo, constituído maioritariamente de cidadãos que se dizem crentes e que se revêem profundamente no divino, assumindo-se seja como cristãos, católicos judeus e muçulmanos, portanto, que acreditam em Deus e que dizem que Ele faz parte da sua vida e do seu dia a dia, da sua vivência e da sua espiritualidade, não pode continuar, como até aqui, a esquecer e a não fazer menção a Deus no seu máximo texto jurídico-político como é a sua Constituição Política.
A não menção a Deus é um ato de pura ignorância cultural, para além de um profundo desrespeito às tradições ancestrais que formam e informam o povo português tal qual como é e se conhece na atualidade e desde que é povo.
A imposição da ausência da menção de Deus na Constituição é apenas uma forma de ditadura de uma minoria intolerante sobre uma tolerante maioria.
Uma futura revisão, ou alteração, do texto constitucional, tem de, obrigatoriamente e por respeito aos valores espirituais, culturais e nacionais portugueses, ou seja em respeito ao próprio povo português e pela sua identidade nacional, mencionar Deus no máximo texto legal e jurídico, portanto na lei relativa à sua organização social, estadual, política.
A (ideia na) Monarquia é emocional e sentimental, não é racional, não é democrática, nem sequer lógica, e com isto tudo torna-se mesmo muito difícil discuti-la.
É fundamentalmente uma simples crença, mas é muito complexa para quem acredita nela porque adquire um carácter transcendental de fé ou mito numa convenção, pode até mesmo assumir-se como um tabu.
Na sua compreensão, temos, sobretudo, de entender as pessoas que acreditam na sua ideia e o fenómeno psicológico que está por detrás desta aceitação, assumindo contudo em muitas pessoas e dos casos dos seus crentes fanáticos o caráter de uma esquizofrenia social e política, portanto podendo até ser um caso para a psiquiatria..
A ideia monárquica torna-se ainda mais irracional quando apela ao carácter divino da sua fundamentação.
Não se percebe mesmo como é que um poder político, portanto temporal e humano, se pretende legitimar por meio do Divino.
O divino, como bem sabem os monárquicos, pretende-se intemporal e, mais importante, acima de todas as coisas terrenas.
E as famílias de sangue azul muito gostam de se rodear de fortunas e mordomias, e nunca desprezam mais sustentou e luxos pagos pelo erário público.O pior mesmo é que sabemos do passado e da História que as monarquias começaram todas a partir o poder de indivíduos tiranos e sanguinários, foi legitimada pelo uso da força do punho, da espadeirada, da coerção e da violação, e, muito especialmente, por meio do abuso das prerrogativas dos primogénitos sobre os demais irmãos.
Não há nada mais paradoxal e contraditório do que as monarquias legtimidas com o cristianismo: o apelo ao poder terreno com a legitimação do divino!
O fenómeno recente da recuperação da ideia ou da causa monárquica é mais uma forma fácil, romântica e idílica, mas sebastianista e logo perigosa, de tentar resolver os problemas modernos que as pessoas simplesmente, por preguiça e por inércia, não querem, nem estão sequer interessados, elas mesmas resolver.
É verdade que muita repúblicas, tal como a portuguesa, não resolveram os problemas nacionais, mas a monarquia é ainda menos democrática do que a república, logo, à partida está muito menos propensa para resolver os problemas reais e amplos dos seus povos.
A monarquia é mais uma forma de estatismo, de paternalismo e de plutocracia, vive e perpetua-se na dependência cívica política dos (seus) adeptos e crentes.
Até se pode perceber a natureza dos processos saudosistas e recuperação do "belo e glorioso passado", mas ainda é bem mais verdade e real que "águas passadas não movem moinhos".
No essencial a Monarquia é a aceitação, pela via legal e ideológica que, pelo simples facto da linhagem e do sangue, ou do apelido mais no caso dos bastardos, passa a ser aceitável e natural a diferença entre pessoas, famílias, ou cidadãos, da mesma nação ou país.
De um lado, os privilegiados e soberanos, por razão dos seus apelidos e sangue, e do outro lado, a ralé e os súbditos, que, ainda por cima, têm de pagar aos primeiros tributos e obediência.
A monarquia é deveras irracional, portanto do ponto de vista da lógica é estúpida: é a resignação artificial perante uma pretensa diferença entre duas espécies humanas, de um lado os seres humanos superiores, donos e líderes do poder político, iluminados, abastados e abençoados pelo Divino, e do outro lado, os seres humanos inferiores que, como forma de punição da sua condição inferior ou do seu "pecado original", estão obrigados a obedecer, servir e sustentar, sem reservas, aos primeiros e no seu proveito.
Na verdade, é a democracia, a antítese da monarquia, com a sua qualidade e a sua verdade populares, que fazem a diferença a contento e para a felicidade dos povos.
A monarquia não é mesmo nenhuma resposta ou solução consistentes ou pragmáticas para a realidade crua e dura dos problemas, senão, só serve mesmo, para mascarar esses mesmos problemas e, pior, adiar a sua resolução.
A república é a condição natural da inclusão e da igualdade entre todos os nacionais e, se for realmente verdadeiramente complementada com uma boa a participada democracia, torna a soberania do povo o meio, o objetivo e o fim da felicidade desses mesmos povos.
E aqui não se desdenha a monarquia enquando uma bela historieta ou um belo conto de fadas!
Assopro de cordas e músculos
Voz do peito e do pulmão
Voz que brota da batida do coração
Ar de palavras e tons que expira e inspira
Ar que a vida soa e respira.
Fel, amor, sofrimento, revolta e grito
Gutural, sensual, assoprada, compassada, ritmada, com e sem
Acelerada, lenta, melódica, instrumentada, com e sem
Humana de nascimento, inventada e reinventada
Máquinas e instrumentos a embalam em contínua senda.
Companhia de amores e paixões, de povos e nações
Hinos, baladas, batidas, fados, enfados, e sem número
Sina sem limites nem fronteiras, por vozes sem número
Sentimentos, pensamentos e expressões falando em canto
Sinais de Deus fazendo-se ver em-canto.
Um abraço
Envolve-me nos teus desejos estendidos
Aperta-me o meu ser em minh`alma
Toca teus dedos todos ao redor sagrado
Vem com teu coração ao encontro deste
Dá-me teu querer amizade retribuída
Um gesto vale mais que mil gestos
Um gesto tal sem igual de iguais não há nem há-de
Teu peito toca no meu âmago e ressalto
Vem amigo camarada irmão aqui nos damos
Não há sinal nem espada contra quem
Um abraço é um afago e tem Deus por pai
É nascido antes mesmo do colo de mãe
É leite de peito escorrido em teus lábios criança
É vida e fragor da humanidade e da bondade
Um abraço é paz feita como quem faz amor.