Ansião conhece nas próximas eleições autárquicas uma disputa renhida e de resultado incerto.
Nas eleições de 2017 a vitória do PS foi uma surpresa, os socialistas não a contavam e os social-democratas nunca a interiorizaram.
Célia Freire, a candidata novidade do PSD à Câmara, lançada por uma oportuna petição popular pela requalificação do IC8, concorre contra o recandidato socialista Presidente, António José Domingues, desgastado pela polémica e careira empresa municipal APIN.
Os cabeças de listas do PS e PSD à Assembleia Municipal são o costumeiro Miguel Medeiros e o regressado Rui Rocha, respetivamente, as suas maiores figuras políticas de cartaz, dois grandes facilitadores de contactos e de conhecimentos nos maiores negócios público-privados locais e regionais.
Rui Rocha tornou-se desavindo de Rui Rio, o tremido líder do PSD, e Miguel Medeiros não foi reconduzido na presidência da Florestgal, nem um telefonema mereceu do Governo PS.
O PCP-PEV e o CDS-PP, presentes de novo, mas só em algumas freguesias, apresentam a regressada Nídia Valente e o paraquedista Nuno Azevedo, respetivamente, para somarem votos ao bornal nacional.
De fora também vem o Chega, à boleia do seu líder, para ajudar a implantar o Partido a nível nacional.
André Ventura, o político pirotécnico e travestido de justiceiro, prometeu substituir os direitos e as garantias legais do processo judicial justo e equitativo, pelo recurso à violência sumária e de pronto incinerar os suspeitos dos incêndios.
Em nada lhe interessam as causas dos incêndios, ou dos problemas que afetam o interior, o seu móbil é incendiar o ódio nas pessoas e envenenar o debate político, para chegar ao poder nacional rapidamente e a qualquer preço.
Na freguesia de Avelar apresenta-se o presidente recandidato, Fernando Inácio Medeiros, trocando a camisola laranja pela de independente, após expulsão do PSD.
Acusado de traição na eleição de Miguel Medeiros a Presidente da Assembleia Municipal, em troca da direção da ETP-Sicó, responde com o governo da Junta por independentes.
O PS procura, por Manuela Marques, recuperar a saudosa hegemonia socialista avelarense na Junta.
O PSD, senhor no passado de 7 das 8 freguesias do concelho, recorre no Avelar a José Paulo Antunes para evitar perder mais uma das atuais 6, evitando o empate a 3 freguesias com a concorrência, para não deixar escapar de novo a presidência da Assembleia Municipal.
Nas restantes 5 Juntas, de Ansião, Alvorge, Pousaflores, Chão de Couce e Santiago da Guarda, não se esperam surpresas, mas …mais vale tomar cautelas e caldos de galinha, não vá o povo tecê-las.
Ao final da noite eleitoral, contados os votos, os novos foliões da política local irão azucrinar-nos com as buzinas das suas modernas, caras e belas máquinas.
E nós regressaremos aos sacrifícios do dia a dia para lhes pagar a despesa pública, rogando que, ao menos, nos deixem trabalhar.
(twitter: @passossergio)
(artigo do autor, publicado na edição de 31 de Agosto de 2021 do jornal mensário regional "Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)
Sabe-se agora que os contribuintes portugueses vão pagar mais de 23,5 milhões de euros aos partidos e forças políticas pela última campanha para as eleições autárquicas de 2013!
Veio hoje no Diário da República o primeiro orçamento suplementar da Assembleia em 2014, o qual se pode ler em http://dre.pt/pdfgratis/2014/01/00801.pdf, anunciando o aumento em mais de 20 milhões de euros da subvenção pública destinada ao pagamento da campanha eleitoral dos partidos políticos e demais forças políticas concorrentes às eleições autárquicas de 2013.
O valor inicialmente orçamentado de € 3.408.000,00, aprovado a 21/11/2013 pelo Orçamento da Assembleia da República, disparou agora para € 23.506.188,35, ou seja e segundo este orçamento retificativo de 2014, o regabofe da campanha eleitoral para as autárquicas de 2013 veio implicar um aumento de despesa, em relação ao que foi inicialmente previsto e orçamentado, em mais de 20 milhões de euros.
Segundo o número de 4.348.051 votos expressos e válidos nas eleições autárquicas, só para fins de despesas de campanha eleitoral, cada um destes votos ficou a custar aos contribuintes, em média, a maquia de € 5,40.
Ora, enquanto o país real e os portugueses sofrem cada vez mais na pele a crise e a austeridade, apertando cada vez mais o cinto e os cordões à bolsa, ao invés, a Assembleia da República e os Partidos Políticos continuam alegremente gastando à tripa forra!
O Presidente Cavaco Silva veio falar sobre a necessidade, segundo o seu ponto de vista, de rever a lei eleitoral autárquica e de modo a permitir uma maior cobertura informativa, nomeadamente, televisiva, sobre as eleições e os candidatos locais. Ao fim de tantos anos eu continuo-me a perguntar porque é que nunca foi permitido a criação das televisões privadas regionais e locais, que deviam ser o meio por excelência de melhor e mais próxima cobertura da vidas das regiões, das autarquias e dos municípios, da democracia e da vida local das pessoas e das comunidades. Não vejo também da parte dos partidos políticos, ou do Presidente, qualquer preocupação com a aproximação dos eleitores com os eleitos, com mais e melhor democracia participativa e directa, ou com a criação da igualdade de condições fiscais, monetárias e político-sociais entre as candidaturas dos partidos políticos e dos movimentos independentes de cidadãos. Afinal, do que Cavaco Silva e dos demais políticos de Lisboa verdadeiramente falam e continuam unicamente interessados, não será apenas mais do do mesmo, ou seja, da manutenção do centralismo Lisboeta e do permanente domínio do partidarismo sobre a vida das pessoas e a contínua autofagia política e democrática do país e dos portugueses? Tretas é do que estes pantomineiros falam, digo-lhes eu!