O termo "retornado" foi particularmente utilizado nos tempos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974.
A expressão visava molestar os portugueses vindos das ex-colónias, muitos deles aqui chegando em sofrimento e grandes dificuldades.
Uns voltavam (retornavam) ao país donde tinham partido muitos anos antes, com enormes sacrifícios e em busca duma condição melhor, e outros, os africanos naturais, filhos ou descendentes de portugueses, eram forçados a abandonar (refugiavam-se) a sua própria pátria.
Todos eles foram expatriados das suas terras e haveres pela ação de delinquentes fardados e armados à pressa pelos então descolonizadores portugueses.
A “metrópole”, em 1974/75, ameaçava mergulhar num pântano comunista e, estes “novos” portugueses, chegados a uma realidade absurdamente diferente, mal refeitos da sua atribulada fuga, com os seus escassos haveres ou só a roupa vestida, logo se depararam com essa xenófoba “identificação”.
Mas, os naturais portugueses, na sua terra, possuem uma particular habilidade para agredirem os mais fracos, os judeus, os pretos, os “estrangeiros” e …todos os outros.
Eu, moçambicano, nessa altura, também fui hostilizado por crianças e adultos, tive de me defender com os punhos, ou, com a especial habilidade que tinha em atirar pedras, respondia-lhes com as mesmas “munições.
Fui igualmente protegido por alguns estranhos, vizinhos e novos amigos; uma vez, aos 10 anos de idade, por ter sido identificado como “retornado” fui derrubado da bicicleta por um matulão mais velho, que, quando se aprontava para me “malhar” no chão, foi afastado pela intrépida e para sempre amiga “Lai”.
O comunismo e o marxismo dos independentistas africanos, roubou-nos o nosso património, a nossa naturalidade e os nossos registos e, a seguir, mergulhando numa matança coletiva, entregou-nos ao maltrato dos seus “camaradas” portugueses.
Hoje, ainda não completamente sarados da traição, dos roubos e dos insultos, nunca fomos ressarcidos e nem sequer nos pediram desculpa (mas os portugueses só expiam os seus pecados com Deus!), já só raramente alguns energúmenos usam depreciativamente a palavra “retornado”.
Os “retornados”, imbuídos pelos largos horizontes africanos, deram depois uma resposta de paz e de desenvolvimento nacional como não houve igual em Portugal no século XX, e agora outros portugueses voltam aquelas fascinantes terras em busca do seu pão e do seu futuro.
E nós os “retornados” lembramos sempre com orgulho e saudade a “nossa” África!
(artigo do autor publicado na edição de 1 de Junho de 2014 do mensário regional Horizonte, de Avelar, Ansião, Leiria - http://www.jhorizonte.com)
A dívida pública do Estado Português somava em Outubro de 2013 o montante global de 209.802.643.627,92 €.
A dívida pública representava em Outubro deste ano 124,1% do Produto Interno Bruto português.
No início de 1975 a dívida do país era somente de 500 milhões de euros e representava 20,0% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 31 de Dezembro de 1974 o Banco de Portugal (BdP) tinha 865.936 kg (866 toneladas) de ouro nas suas reservas.
Em 2013 as reservas de ouro do BdP eram apenas de 382.509,58 kg.
Ou seja, em 36 anos desapareceram 483.426,42 kg de ouro, o que dá uma média de 13.428,5 kg por ano.
Entre 1986 e 2011, Portugal recebeu da União Europeia o total 80,9 mil milhões de euros em fundos estruturais e de coesão, o que corresponde a nove milhões de euros por dia injetados por Bruxelas no País.
Ainda mais surpreendente é aonde chegámos em 2013, ora vejam lá: as despesas do Estado (em sentido estrito) com as funções de soberania, sociais e económicas são da ordem dos 54,2 mil milhões de euros em 2013, a estes valores soma-se ainda o agregado “outras funções” onde estão classificados os juros da dívida pública a pagar no próximo ano – 7,2 mil milhões de euros – e as amortizações de dívida pública – 116,4 mil milhões de euros.
Quando se opta por olhar para despesa pública em função dos recursos que vão ser necessários para o próximo ano encontramos o montante de 183,7 mil milhões de euros!
Contando que o PIB nacional que soma em 2013 o valor de 165,337 mil milhões de euros, os encargos do Estado português atingem o total de mais de 111% da riqueza nacional criada num só ano!
Perante este tristíssimo cenário, temos de concluir que temos no presente um Estado demasiado grande e parasitário e que durante 39 anos foi sucessivamente dirigido por políticos totalmente incompetentes e a quem pagámos fortunas para nos fazerem tanto mal e nos darem, no final, tanto prejuízo.
Afinal, temos de perguntar: o que é que estes políticos criminosos justamente mereciam?
Passos Coelho veio, uma vez mais, contudo limitando-se a repetir a ladainha dos seus antecessores chefes de governo de Portugal desde 1975, debitar o discurso estafado e gasto dos pecadilhos da crise económica que assola Portugal.
Mas, se nos seus anteriores dois discursos de Natal, Passos Coelho, vinha prometendo a rápida ultrapassagem da crise e acrescentando promessas de melhorias económicas a breve prazo, nesta sua última mensagem, já mais modestamente, veio dizer que o seu projeto «está a mostrar os primeiros frutos», avisando para 2014 "um ano cheio de desafios", mas que "os sinais positivos ainda não são suficientes para podermos dizer que vencemos esta crise".
Ora, a verdade da crise portuguesa é outra e bem distinta daquela que Passos Coelho teima em não enxergar nas suas mensagens natalícias.
A crise portuguesa dura há já 39 anos e é o simples resultado do sistema económico e político em que a própria economia nacional assenta.
A crise em que vivemos dura há já quase 4 décadas é apenas o claro e direto efeito dos altos impostos cobrados sobre as rendas, poupança e investimentos, que têm resultado no enfraquecimento das atividades e da produtividade económica.
E este alto volume de impostos, especialmente quando combinados com as distorções económicas causadas pelo intervencionismo económico estatal na economia, vem levando a uma crescente escassez de capital, em resultado do elevado consumo público e estatal do volume vital de capital circulante.
Este facto é evidente e está comprovado à saciedade, os portugueses e os consumidores percebem-no e sentem-no bem nos seus bolsos, em seu resultado as empresas abrem falência em virtude da escassez financeira e, em geral, a atividade económica e comercial definha por falta de capital circulante, mas então porque será que os governantes e os decisores políticos insistem em nos enganar repetidamente há 39 anos?
Simples: temos de concluir que este engano que teimam em nos vender reside no caráter fraudulento do próprio sistema político e económico português, de evidente matriz socialista, estatista e intervencionista e que, necessária e progressivamente, apenas serve para nos levar à pobreza e à miséria coletivas.