És como te conheço
És cor e tela de aguarela
És um doce como te saboreio
És mel e açúcar como a tua pele
És um encanto como me alegras
És dança e feitiço
És uma luz como me despertas
És dia como um sol
És uma noite como adormeço
És lua e estrelas e cometas
És quente como me incendeias
És tição como fogueiras
És paz como me serenas
És céu de madrepérola
És mágica como um ilusionismo
És bela como mil quadros
És viva como vida em mim
És um sonho como tu
És mar como calmaria
És navio à bolina
És uma estação como há-de vir
És tempo como o presente
És alimento aos meus sentidos
És sensual como tu
És a vida como há em mim
És um encontro
És como és
És como não sei
És
És e tu.
Recosto-me no manso duma majestade,
No alto das suas ramadas e seus pináculos
E de agulhas espetadas se apontam direcções e sentidos
Revigoram-se perenes as suas folhas
Recebo em dias cálidos a sua sombra
Recebo em dias frios o seu abraço
Dá-me o seu corpo de castanho e de verde
Tem seiva e vida, tenho-a por amor.
Escrevo nela os contos ainda por ler
Leio as palmas de minhas mãos ainda por escrever.
Do seu macio chão nasceu para meu alimento
No entrelaçado das suas raízes alicerço os meus sonhos.
Os ramos do seu passado fizeram-se para minha lembrança
Foram neles tecidos os dias antes do meu destino
O meu presente ancora-me à sua presença
Em cada dia cada sol cada noite cada lua.
És árvore, és tu, és mulher.