Ideias e poesias, por mim próprio.
Domingo, 12 de Maio de 2024
Espoliados das ex-Colónias

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, criou uma polémica acerca de eventuais reparações financeiras devidas pelo passado colonial português.

Sem que alguém, ou algum Estado, saído do passado Império Ultramarino Português, tivesse reclamado um cêntimo, ou apresentasse alguma reclamação ou queixa que fossem, o Presidente Marcelo, por sua autorrecreação, despoletou uma controvérsia.

Sem competência legal e constitucional para tratar da questão, da exclusiva competência do Governo e da Assembleia da República, a personalidade egocêntrica, eruptiva e súbita do Presidente, sobrepondo-se ao interesse nacional, criou para o Estado Português potenciais danos reputacionais e desastrosas consequências financeiras.

E não falando da afronta à História de Portugal.

A questão voltou-me a recordar a justa reparação, ainda hoje não resolvida, aos espoliados do Ultramar Português.

Cujas propriedades, bens e poupanças foram confiscadas, sem qualquer indemnização ou mínima compensação, pelos regimes marxistas, especialmente, da FRELIMO de Moçambique e do MPLA de Angola, após as respetivas independências

É este o momento para perguntar ao prolixo Presidente da República, o que ele alguma vez disse, ou de mínimo fez, em favor destes portugueses, espoliados dos seus bens, do seu trabalho e das suas poupanças, das antigas colónias,

Foram dezenas de milhares de portugueses, inquestionavelmente roubados, sob coerção, violência e derramamento de sangue, das suas vidas, haveres e bens pela ação de Estados estrangeiros.

O que praticaram no atropelo da lei internacional e em clara violação dos acordos de autodeterminação e independência firmados com Portugal.

Esta injustiça histórica continuará latente entre nós, até que estes portugueses ultramarinos não sejam adequada e satisfatoriamente ressarcidos pelos danos patrimoniais, morais e humanos sofridos, há já 50 anos.

Ao contrário de todos os países europeus que já indemnizaram os seus nacionais dos prejuízos sofridos com os seus processos descolonização, Portugal continua solitariamente a manter esta grave injustiça.

No final, tem de se perguntar qual a consciência, ou sentimento de justiça, do atual Presidente da República para com os seus compatriotas, especialmente dos injustiçados portugueses ultramarinos.

A meu ver, é nula.

(artigo do autor, publicado na edição de 31 de abril de 2024 do jornal mensário regional  "Jornal Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)

horizonteabril2024.jpg

 



publicado por Sérgio Passos (twitter: @passossergio) às 10:40
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7 comentários:
De Anónimo a 12 de Maio de 2024 às 14:34
Retornados racista nada têm a receber.


De Sérgio Passos (twitter: @passossergio) a 12 de Maio de 2024 às 15:05
Deve estar a falar do seu amigo Marcelo Rebelo Baltazar de Sousa, atual Presidente da República da República.


De zé onofre a 12 de Maio de 2024 às 14:42
Boa tarde, Sérgio
Apenas pelo simples facto de termos ocupado Terra que pertencia a outros, já estamos em falta.
Só pelo fato de termos comprado as suas gentes como escravos, já estamos em falta.
Só pelo facto de termos explorado as suas riquezas em nosso benefício, já estamos em falta.
Só pelo facto de se usar os povos autóctones como mão escrava e, ou, forçada, já estamos em falta.
Quanto aos colonos que regressaram devem ser ressarcidos não pelo que lá deixaram, que foi produto da exploração dos povos africanos, mas por um Governo Fascista e Colonialista que não dava o suficiente aos seus cidadãos e os obrigava a emigrar.
Que o Estado Português tenha que dar reparações aos Estados Colonizados será muito pouco em comparação com as Companhias Capitalistas que exploraram as riquezas africanas. Não nomeio nenhuma, porque posso ser injusto e esquecer-me de algumas.
Zé Onofre


De Sérgio Passos (twitter: @passossergio) a 12 de Maio de 2024 às 15:13
Ignorância histórica sua. Moçambique, Angola e outros países africanos foram criados pelos portugueses. Os escravos foram comerciados pelos próprios africanos, os portugueses e europeus exportaram-nos. Quanto o resto, vá primeiro visitar e conhecer esses países (exceto África do Sul) para melhor perceber o que os portugueses europeus fizerem e lá deixaram, o que é a maioria das infra-estruturas que restam, e o pouco que os países independentes construíram após a descolonização. Eram apenas povos guerreiros e sanguinários, muitos deles canibais, nem a roda conheciam, viviam como meros recolectores e nenhum desenvolvimento conheciam. Deixe-se de tretas esquerdistas, sem consistência história e nula verificação dos factos.


De zé onofre a 12 de Maio de 2024 às 19:46
Boa tarde, Sérgio
1 -«Ignorância histórica sua. Moçambique, Angola e outros países africanos foram criados pelos portugueses.»
Ignorância nossa. As fronteiras dos Estados africanos foram traçados a régua e esquadro na Conferência de Berlim [...] de 15 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885, marcando [...] a partição e divisão territorial da África. [...] o evento contou com a participação de [...] Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Rússia e Suécia), [...] do Império Otomano e dos Estados Unidos. O objetivo declarado era [...] regulamentar [...] novas ocupações de territórios sobre a costa ocidental da África". (em https://pt.wikipedia.org/wiki/Conferência_de_Berlim)
Esta partição foi tão bem feita que incluíram nas mesmas fronteiras povos inimigos e, ao mesmo tempo, dividiam territórios tribais por fronteiras diferentes.
Foi desta forma respeitadora dos africanos que «Moçambique, Angola e outros países africanos foram criados pelos portugueses.»
2 - «Os escravos foram comerciados pelos próprios africanos, os portugueses e europeus exportaram-nos.»
Cito-me = Só pelo fato de termos comprado as suas gentes como escravos =. Acrescento ao que não referimos. As condições desumanas em que os africanos eram transportados fizeram do Atlântico um cemitério de Pessoas Africanas. Um testemunho da primeira venda de escravos em Portugal - "[...] começaram os marinheiros a tirar os escravos que tinham trazido. [...].Mas, para a sua dor ser mais acrescentada, chegaram os [...] encarregados da partilha [...] a separá-los uns dos outros, a fim de fazerem lotes iguais. Por isso [...] de se separarem os filhos dos pais, as mulheres dos maridos e os irmãos uns dos outros [...]. As mães apertavam os filhos nos braços para não lhes serem tirados [...]."
Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Guiné (em https://cctic.ese.ipsantarem.pt/)
3 - «Quanto o resto, vá primeiro visitar e conhecer esses países [...]
a) As infraestruturas feitas pelos portugueses em África foram sempre em benefício dos colonizadores - companhias mineiras, fazendeiros, ... e nunca para melhorarem a vida dos africanos.
b) É retorcido querer comparar o que fizeram os portugueses desde que chegaram à foz do Zaire e a Moçâmedes entre 1482 e 1484 até 1974, com o que fizeram os novos Estados Independentes desde 1974.
c) No ensino.
Primeiro Liceu - " a instalação do primeira liceu angolano, o Liceu Central de Luanda (atual Magistério Mutu-ya-Kevela), em 22 de fevereiro de 1919, somente equiparado ao regime jurídico dos liceus da metrópole em 13 de dezembro de 1923".[...]
Primeira Universidade em Luanda - "Foi esta mesma pressão que levou à introdução de algumas instituições de ensino superior. A mais importante foram os chamados "Estudos Gerais Universitários", criados em Luanda em 1962/63 e mais tarde transformados em Universidade de Luanda, com faculdades de economia e medicina em Luanda e uma faculdade de agronomia no Huambo." (em https://pt.wikipedia.org/wiki/Educao_em_Angola)
De notar que esta é criada já depois do início da luta pela Independência.
4 - «Eram apenas povos guerreiros e sanguinários, muitos deles canibais, nem a roda conheciam, viviam como meros recolectores e nenhum desenvolvimento conheciam.»
"Ao chegar a bacia do congo, em 1481, Portugal encontrou uma série de Estados africanos que dominavam a região. Esse contato deixou registrado que naqueles territórios já havia uma educação formal [...] No Reino do Congo os portugueses tanto se impressionaram do grau de instrução das pessoas que ali viviam que, depois de se familiarizarem, os chamaram de "gregos de África". (em https://pt.wikipedia.org/wiki/Educao_em_Angola)
4 - «Deixe-se de tretas esquerdistas, sem consistência história e nula verificação dos factos.»
É costume de quem não tem argumentos atirar à cara dos oponentes atoardas destas.
É como aqueles que, para se convencerem que têm a razão toda do seu lado, falam mais alto. Como se o falar alto fosse sinónimo da confirmação do que diz.
Depois é abusado dizer-se que se fala sem se ter verificado os factos.
Gosto de trocar ideias com todas as pessoas, mas dentro do respeito mútuo.
Creio que o respeito nos dois comentários que faço aos seus textos
Zé Onofre


De Sérgio Passos (twitter: @passossergio) a 12 de Maio de 2024 às 20:11
Nada de novo do que escreveu, não me acrescenta nada para além do que eu sei.
Cada um interpreta a História à luz dos seus pontos de vistas e experiências.
Eu tenho a vantagem de ser africano por naturalidade e português de nacionalidade.
Sei do que falo, faço-o por experiência própria e conhecimentos adquiridos.
Já você vai ter de recuar até ao Adão e à Eva para conseguir reparar integralmente toda a gente.
Esses países é que têm de nos ressarcir de cada vez que abrem a boca e falam cada um dos vocábulos da língua de Camões, que foi o meio de chegarem à modernidade e poderem ter acesso ao mercado global, ao desenvolvimento, à educação e à saúde.
Nas suas línguas nativas e condições indígenas só saberiam reproduzir-se, viver (pouco e mal) na miséria e na lama e matarem-se.
Moçambique, Angola e as ex-colónias portuguesas são e serão portuguesas para sempre, e voltarão a ser portuguesas por inteiro no dia em que deixarem de estar usurpadas e sobre-exploradas por propaganda marxista, os movimentos internacionalistas armados e financeiros, e, pior, a tacanhez dos grupos armados que os conduziram às guerras civis, subdesenvolvimento e os mantêm nas ditaduras militares em que vivem imersos.
Pois, quiçá, no seu famigerado ponto de vista, ficará a serpente do Éden com a conta por pagar.


De zé onofre a 13 de Maio de 2024 às 00:06
Boa noite, Sérgio
De facto é impossível falar com quem tem a verdade toda toldada por sonhos de Imperialismo serôdio.
Pela Maneira que o senhor fala ainda um dia a Lusitânia ainda voltará a ser Império Romano.
E ainda lhe vamos pagar por lhe termos deturpado o Latim, e por lhe termos permitido roubar-nos o ouro o cobre e o estanho.
Ave, Cé ... rgio
Ponto final.
Zé Onofre


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