Ideias e poesias, por mim próprio.
Terça-feira, 23 de Setembro de 2008
Lábios vermelhos.
Os cabelos tecidos em teu rosto
São fios apanhados e soltos.
As sedas e linhos em teu rosto
São mantos desfiados cobrindo e descobrindo.
Tua face irrompe numa expressão denotada.
Lábios teus guardando pensamentos conotados
São rosáceos e salientes carnudos.
Ameias as maçãs frescas e desveladas.
Olhos teus maturados,
Secretas veredas se guardam nesse silêncio
Segredos amarados em teu porto inseguro,
Águas calmas e brancas aí se aviltam. Auguro.
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2008
Carentes de Amor.
Carentes há os mais e os menos
Carentes deverão ser todos e mais nenhuns
Não-carentes não deverão ser sem excepção quaisquer uns
Carente é estado de essência da humana natureza.
Ter e querer amar é condição de humanidade
Ser de amar e de ser amado é o cartesiano de existir
Amar é dar e receber o ser no outro
Amar é ser humano e ter tudo e nada mais.
Ter necessidade de amor é ausência e presença
Ser amado e amar é preencher-nos continuamente
Ser amado é incompletude e perfeição
Ser amado é o ser e a intemporalidade.
Só carente não é quem esqueceu o amor
Só carente é quem se revê num outro
Só ama quem amado quer ser
E só amado é quem logra amar.
Já eu amar e ser amado não os quero
Quero não correr o risco de esquecer o amor inteiro.
Carente sou e quero-o ser completamente
Quero amar e ser amado tomando no peito a Humanidade.
Sábado, 20 de Setembro de 2008
Fui àquela fonte com a minha sede.
Fui àquele fonte com a minha sede
Ali vi castanhos ulmeiros rodeando-se de verdes olhos.
Fui àquela fonte avisado pelo seu encantado chamamento,
Dali ouvi uma corrente trepidante, contudo serena.
Era o Verão de Inverno de nono dia.
Naquela fonte deleitei-me no sorriso da sua água,
Corria límpida e enxuta do seu alto.
Naquela fonte refresquei meus secos lábios,
Soube-me fresca como se fora alimento da minha sede.
Era o meu Verão de Inverno de dia nove.
Nela mergulhei meus dedos secos,
Tacteando suas frescas mãos me espelhei.
Ali colhi meus anos da memória da minha sede,
Dali parti avivando a incerteza dos meus dias vindouros.
Era o meu dia nove de Verão e de Inverno.
Fui àquela fonte e parti com a minha sede
Fui na sede e aí me alimentei na sua sensualidade
Dali colhi avivados os meus sentidos.
Em suas sombras e silêncios todo eu me encontrei.
Era o meu dia nove.
Fui e voltei daquela fonte e nela me fiquei
Fui e a ela voltarei pela melodia do seu caminho
Nos seus verdes e castanhos recantos deixei os meus ditos
E aqui agora a sua viva alegria me corre pelo peito.
Domingo, 7 de Setembro de 2008
Inspiração de Outono.
Vieste com as primeiras gotas de Outono,
Vieste esperança dum tempo vindouro.
Chegaste chamada de desejo,
Trazias ainda teu perfume de cerejas.
Sou-o no sentimento da distância,
Sinto uma presença de ausência.
Vejo-te na luz que rasga no céu
Tão longe e tão presente.
Abraço sentido que me acolhe,
Regaço que me aconchega.
Perfume teu que me envolve,
Saudades que se me despertam.
Vejo agora dias e noites na tua procura.