Há já muitos anos que digo que em Portugal não há democracia política.
Bastaria, e é só um pequeno exemplo, pensar que são unicamente os partidos políticos quem podem apresentar candidatos à Assembleia da República, e aos cidadãos livres e independentes está vedado o direito de se elegerem em igualdade de condições com aqueles.
Mas o problema português é hoje ainda mais grave do que pensava: o Estado de Direito faliu e a Lei não mais tem ética, nem moral, nem rectidão.
Como é que se pode aceitar, sem reagir, que os altos funcionários públicos, gestores de empresas públicas, os políticos e os governantes paguem a si mesmo milhões de Euros e existam pessoas em Portugal que deambulam pelas ruas catando caixotes do lixo para se alimentarem, ou que durmam ao relento nas ruas? E crianças que vão para a escola sem se alimentar? Mulheres que se prostituem para alimentar os seus filhos? Idosos que morrem na miséria, na solidão e ao abandono? Tantas e tantas pessoas que morrem nas listas de espera por falta de cuidados médicos? Os jovens que enveredam pela criminalidade para ganhar a vida? E os jovens que aceitam a corrupção e a imoralidade como forma de vida? O aumento do desemprego, da pobreza e da indigência? A insolvência de famílias? O crescimento abrupto das desigualdades sociais? A fome? A morosidade e a carestia da Justiça? A corrupção, o compadrio, o “amiguismo” e a generalização do tráfico de influências? Etc, etc, etc.
A situação a que chegou Portugal envergonha e indigna qualquer pessoa com um mínimo de sentido de justiça e equilíbrio.
Ao povo português tão espezinhado, sacrificado e desprezado pela actual classe política corrupta, imoral e preguiçosa, quando a Lei e o Direito não mais funcionam e são pura letra morta, resta uma única solução: o derrube do actual sistema político, económico e social por quaisquer que sejam os meios ou as formas necessárias.
E pela força se tiver que ser.