Cada vez estou mais convencido que no actual quadro geral institucional, político e partidário português vigente não há qualquer solução viável à vista, nem sequer existe oficialmente a mínima vontade para se resolverem em consenso e pacificamente os problemas de que Portugal gravemente padece.
As elites políticas e partidárias, quer à esquerda, quer à direita, com quem vou falando e procurando ora sensibilizá-los das tensões, das dores, dos sofrimentos, das aspirações e das ânsias populares, tentando eu sensibilizá-los a estabelecerem pontes para a necessidade imperiosa e urgente de um diálogo amplo, aberto e franco entre todos os portugueses, as respostas que vou recebendo são da mais absoluta oposição a qualquer diálogo democrático com os demais portugueses.
As elites políticas, especialmente as governativas dos últimos 20 anos, não querem nem desejam ter um debate franco e aberto com a sociedade civil.
Infeliz e absurdamente para os partidos políticos em geral, o povo não existe e tão-pouco lhe é reconhecida a elementar soberania jurídica e fáctica de Portugal.
São 37 anos de um poder tomado absoluto, dono e senhor de Portugal, e mais não entendem para além da legalidade arreigada dos seus privilégios e poderes.
São 37 anos de uma pequena minoria detendo tudo nas suas mãos e e consumindo tudo para si, sem aceitar partilhar ou prescindir dos seus privilégios e das suas mordomias.
Para as elites políticas e governativas o Estado e a Governação são uma coisa exclusivamente sua e de sua única e exclusiva propriedade, são hábitos velhos e costumes viciados.
O Povo, para eles, são os independentes e estão fora do seu dito sistema, não contam como parceiro nem têm autoria.
No actual quadro partidário, o Portugal é uma coisa própria e exclusiva ao serviço, para o consumo e desfrute exclusivo dos grupos, das forças, das corporações e dos sindicatos ancorados nos partidos políticos vigentes, entendendo-se estes como os seus únicos e absolutos comensais.
Para esta nomenclatura política e partidária, expressa na representação visível e conhecida na Assembleia da República, os portugueses não existem sequer como povo ou gente, ou massa de pessoas humanas.
Para os partidos políticos o Povo é uma massa anónima sem rosto, sem voz política, sem direitos de participação ou decisão, sem personalidade e sem direitos políticos, existindo única e nada mais e como objecto de obrigações, para trabalhar e servir as manjedouras do domínio.
A mesa e o festim da dos negócios e das negociatas dos milhares de milhões são coisa exclusiva para as elites políticas, financeiras e bancárias.
Ao povo restará, segundo aqueles iluminados e abençoados, sofrer e sujeitarem-se ao que lhe for servido das réstias e dos restos.
Portanto, não há qualquer solução alargada, consensual e democrática no actual quadro do sistema legal e organização política vigentes, por nem sequer haver qualquer vontade no actual poder político em a encontrar.
Outro resultado não haverá, trágica e fatalmente, que não seja a eclosão da radicalização dos campos em confronto.
Para evitar o desastre anunciado seria e é necessário a instauração em Portugal de uma democracia humana, humanística e cívica e o chamamento de todos os portugueses a um trabalho e uma tarefa comuns, e sempre o fazendo no seu legítimo direito a se exprimirem e tomando parte activa, em condições e direitos iguais, quanto aos destinos políticos de Portugal.
A cidadania tem de passar a efectivar-se na Casa da Democracia, libertando-a da situação de refém dos partidos políticos e terminando com o retalho entre os partidos dos privilégios e dos benefícios, e só assim se fará cessar a ameaça da independência e da integridade de Portugal.
Resta a este mesmo povo dar uma universal resposta de humildade e abnegação democrática, em ordem a marcar o momento histórico que vivemos como uma das mais brilhantes páginas de solidariedade nacional e popular de Portugal.
O Povo português tem de se erguer unanimemente e tomando a comum solidariedade de todos os seus indivíduos caminhar para um novo e fraterno Portugal.
É urgente mudar, e só com e por meio de uma democracia cívica e universal de todos os portugueses Portugal terá solução.