Ideias e poesias, por mim próprio.
Medo. O medo controla a vida dos portugueses. Têm medo do pai, da mãe, dos parentes, dos vizinhos, do professor, dos colegas, dos camaradas, dos superiores, dos subordinados, do patrão, dos empregados, do chefe, do padre, dos camaradas, dos governantes, dos políticos, dos partidos políticos, da ditadura, da democracia, da liberdade, da opressão, de Deus, do diabo, do mundo, da terra, do que está debaixo da terra e do que está por cima dela, dos tremores de terra, do sol, da chuva, dos ciclones e da calmaria, do granizo, do calor, do frio, da vida, da morte, do dia, da noite, do trabalho, do ócio, do emprego, do desemprego, do subsídio de desemprego, do rendimento e do mínimo, da doença, da "baixa", da alegria, da euforia, da tristeza, da bebedeira, da sede, do amor, do ódio, da paixão e do tédio, da fome, da fartura, do medo, dos corajosos, dos bravos, dos cobardes, dos acanhados, dos irreverentes e dos valentes, da lua, da escuridão e do silêncio, dos lobisomens, das almas e das penadas, dos fantasmas, do céu, do paraíso, do purgatório, do inferno, de dizer sim, ou não, ou talvez, da decisão e da indecisão, dos culpados e das vítimas, do juiz, do acusador e do carrasco, do polícia, do advogado, do medo e da coragem…, medo e medo, tantos e tantos medos e os que ainda hão-de vir. Medo, tanto medo. Porquê? Porquê tanto medo? Será que afinal do que têm medo é de não terem medo?