Praticamente tudo o que se faz hoje em Portugal depende das influências certas.
É a cunha, o padrinho, o favor, o jeito, o amigo ou a amiga, o incentivo, a prenda, o esquema, etc., etc.
Na governação do país, das autarquias, um pouco por todas as empresas e institutos públicos e no Estado, em geral, fazem-se, dão-se, trocam-se, compram-se e vendem-se.
É claro que no final e em troco, os bolsos de alguns ficam mais recheados, o seu poder ilegítimo e a sua rede criminal aumentada, obtidas vantagens e receitas ilícitas.
As falsas e esfarrapadas desculpas são “em prol e a bem do país, do concelho ou da freguesia”, do “crescimento da economia”, do “bem-estar de todos”, do “emprego público”, do “conhecimento”, da “confiança” ou da “amizade”, etc., coisa e tal.
É a lei do amiguismo, nepotismo, afilhadismo, filhotismo, favoritismo, e todos os outros ismos corruptos, no seu esplendor.
Perante este Estado paralelo e ínvio, as pessoas e os seus reais problemas, a verdade, a competência, a honestidade, a probidade, a retidão, os valores, os princípios, a responsabilidade, a Lei, o Direito, a Justiça, a Democracia e o resto, valem …nada.
É a lei do facto consumado, do mais forte e espertalhão, do punho e da força, da arrogância, da prepotência, do abuso e do mal.
Mas os governantes, os autarcas, os agentes e funcionários públicos, apanhados a fazerem jeitinhos…, traduzido juridicamente de tráfico de influências, são apenas delinquentes.
O tráfico de influências, justamente, encontra-se tipificado no artigo 335º do Código Penal, sendo punido com pena de prisão até 5 anos, ou de multa até 240 dias.
No final deste itinerário, que mais não são do que falsidades, falsificações, fraudes, abusos, corrupção, furtos e roubos, temos a delinquência e a criminalidade em geral.
E os seus resultados vão desde a corrupção financeira pública e privada, a injustiça e a violência, a instabilidade e a insegurança, passando pelo tráfico de drogas, armas e de pessoas, a destruição ambiental, social, cultural e educacional, até à guerra e ao terrorismo.
É o país do pântano que anunciava em 2001 um tristemente afamado Primeiro-Ministro, António Guterres, justificando-se para apresentar a sua demissão e o fim do seu Governo.
António Costa, o agora Primeiro-Ministro, mais um, não lhe resistiu.
(artigo do autor, publicado na edição de 1 de dezembro de 2023 do jornal mensário regional "Jornal Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)