O concelho de Ansião assiste há mais de dois anos a uma consulta pública do seu Plano Diretor Municipal (PDM), agitado em promessas de correções ou retificações, e ainda sem resultados à vista.
Ao fim de tanto tempo confunde-se com propaganda e oportunismo eleitoral.
Seria o tempo e a oportunidade da governação socialista desta Câmara Municipal inverter a reforma de 2015, que mais serviu para beneficiar o latifúndio, a especulação e o encarecimento imobiliários e a desertificação populacional.
O atual PDM e a regra de 1 ou mais hectares, para a construção em terrenos agrícolas e florestais, não pode continuar a servir para estimular burlas de ruínas de fantasiosas habitações, semeadas no silêncio e no breu da noite, em ordem a simular oportunistas reconstruções.
Estas escandalosas plantações de pedras e entulhos são feitas com destruição dos recursos e meios naturais, sob névoas de corrupção e em detrimento dos proprietários vizinhos que, no respeito da lei, aguardam e anseiam pela efetivação do seu direito à habitação própria.
De uma maneira geral, os Municípios do interior do país, ao contrário das atuais políticas de expulsão e pauperização dos seus munícipes, têm de passar a propiciar novas condições de permanência, atração e melhoria das condições socioeconómicas e habitacionais das suas populações.
Ou seja, passarem a fazer exatamente o oposto do que propagandeiam, e já bastam as políticas de paisagens bucólicas e de passarinhos, sem gentes, sem produtividade, nem criação de riqueza.
Respondendo-se com novas, simplificadas e transparentes regras de ocupação, dinamização e recrudescimento patrimonial e urbano de qualidade e respeito ambiental.
Entre outras alternativas, poderão ser a diminuição para metade, ou menos, das áreas mínimas dos lotes e terrenos agrícolas e florestais para a implantação de novas infra-estruturas produtivas e habitacionais, a criação de novas áreas semirrurais e semiurbanas, o emparcelamento rural, administrativo se necessário para o efeito, e a aplicação das modernas infraestruturas e módulos habitacionais autónomos, não intrusivos e pré-fabricados.
Isto, ao invés das atuais políticas governamentais e centrais de esmolas, funerais e pitonisas, colocando as cada vez mais escassas e calcinadas populações à míngua, de joelhos e mãos estendidas.
(artigo do autor, publicado na edição de 31 de dezembro de 2022 do jornal mensário regional "Jornal Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)