Os corruptos querem uma justiça ‘a la carte”; subserviente, à sua medida, aos seus jeito e agrado.
Servem a prescrição dos crimes e delitos, a insuficiência de indícios, as dádivas milionárias incoerentes de amigos de ocasião, a riqueza vultuosa de proveniência comercial mas de causa injustificada, entre muitos outros insultos à nossa inteligência e, pior, os assaltos à nossa carteira.
A fraqueza moral e sexual, a incompetência, a arrogância, a pose altiva, a sobranceria perante os factos, os egos inchados, a ignorância da História e o sistema legal e penal garantístico, moroso e burocrático, fazem-lhes o obséquio de conceder atos de contrição.
Perante o escândalo e na iminência da perda do poder eleitoral, a oligarquia veio anunciar uma súbita lei punitiva do enriquecimento ilícito dos titulares políticos e cargos públicos, augúrio de engano certo, batizada de “ocultação de riqueza”.
A história recente da corrupção foi-nos contada sob o disfarce de investimento do Estado, obras estruturantes, orçamentos suplementares e despesa pública, derrapagens, economia social, imparidades e muitos outros roubos aos contribuintes.
O que deveria ser básico, bastando uma mínima inteligência, seria a de que os eleitores jamais votassem nesta cáfila que abunda na política.
Os corruptos conhecem-se facilmente, vivem e gozam fartamente sem conhecido trabalho ou meios próprios, ostentando carros de alta gama e luxos acima dos seus méritos e das suas capacidades, vidas fáceis e faustosas, altos cargos inúteis com ordenados milionários no funcionalismo público e político, fazendo diariamente nada e aumentando a pança, cursos manhosos e habilitações de vão de escada, vidas noturnas passadas em esplanadas e discotecas, com influências escusas e padrinhos ajeitados.
A mudança por meios pacíficos é inviável, os cidadãos não estão dotados de capacidades para a fazer acontecer, porque a grande maioria luta no limiar da sua sobrevivência, e a minoria privilegiada vive engajada e apascenta neste estado de coisas.
A corrupção é a expressão natural desta democracia do faz de conta, o injustiçado será sempre o Povo, servindo à função de pagar a conta e ser destratado.
E só se muda neste país quando alguém da cadeira, mas para ficar tudo na mesma.
(twitter: @passossergio)
(artigo do autor, publicado na edição de 30 de Abril de 2021 do jornal mensário regional "Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)
Surgiu um movimento popularucho que reclama o novo aeroporto internacional em Pombal, somando-se aos movimentos por Leiria e Coimbra.
O do aeroporto de Coimbra, tem à cabeça o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado.
Este encontrei-o um dia na baixa de Coimbra e disse-lhe que se queria um aeroporto internacional, ao menos, devia ter limpos os acessos do aeródromo de Cernache, que se encontravam, e continuam até hoje, …cheios de lixo, silvas, mato, papéis e plásticos.
Este Presidente continua até hoje a gastar milhares e milhares de euros dos contribuintes em estudos e conferências a defender a sua megalomania, já os técnicos e engenheiros da especialidade argumentam que é impraticável, quer pela escassa dimensão do local, como pelas obras inviáveis.
Aos peticionantes do aeroporto de Leiria teríamos de perguntar pelo extinto Pinhal de Leiria, 3 anos depois do gravoso incêndio, que destruiu mais de 87% da sua mancha verde, continua no mais completo abandono.
Para o recuperar e replantar não basta um cheque, nem propaganda do Governo, e muito menos, cimento e betão, são necessárias dedicação, perseverança e carinho, qualidades que de todo não conhecemos no bulício dos aviões, dos magotes e das multidões ruidosas, poluidoras e consumistas.
Muitos ainda não perceberam que a galinha dos ovos de ouro do efémero e passageiro o turismo morreu com o Covid, encontrando-se desse setor há muito o território, a economia e os trabalhadores nacionais exaustos, em resultado dos seus efeitos precários, dependentes e nocivos.
A construção de um mais um aeroporto internacional servirá essencialmente para destruir o meio ambiente, aumentar a poluição sonora e ambiental, matar as espécies selvagens e envenenar recursos naturais, encarecer a habitação e o custo de vida, exponenciar a especulação imobiliária e financeira, fomentar a corrupção municipal, aumentar os impostos e a dívida pública.
E já há um aeroporto internacional às moscas, que custou uma fortuna aos contribuintes, em Beja, despejado na planície alentejana, sem os devidos e necessários acessos rodoviários ou ferroviários a servi-lo, sem gentes e sem qualquer utilidade, um elefante branco.
Os lisboetas, os maiatos e os algarvios, que têm os aeroportos à sua porta, lamentam em uníssono ter dia e noite os aviões a zurrar aos seus ouvidos, moendo-lhes o juízo, tirando o descanso e arruinando a qualidade de vida.
Postos nós perante a crise pandémica e os seus tão graves e danosos efeitos que experienciamos, não será esta a ocasião de recuperamos modos de vida de outrora, mais saudáveis, poupados, naturais, ecológicos e duradouros?
Poupem-se de mais asneiras.
(twitter: @passossergio)
(artigo do autor, publicado na edição de 28 de Fevereiro de 2021 do jornal mensário regional "Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)