O tema do racismo, uma matéria agora tão vida e omnipresente, passou a servir de alavanca para certos sujeitos, grupos e até mesmo Partidos Políticos ambicionarem ao Governo do país.
A política nacional que já era rasca baixou ao nível do esgoto, mas os grupos e setores instalados no Estado estão muito longe de serem inocentes na atual conjuntura e problemática, porquanto sempre aproveitaram sub-repticiamente da matéria para ganhar poder e influência nos atos eleitorais.
A conduta destes agiotas, por opção própria, espelha a mediocridade interior e a vileza dos seus pensamentos e métodos de ação.
Não acho e não concordo que entre os portugueses predominem sentimentos, filosofias ou formas de estar e pensar racistas, nem sequer xenófobos.
Certamente, muitos indivíduos denotam e exteriorizam comportamento tribais, agindo por instinto animalesco, da pertença ou convivência da tribo, grupo ou da matilha, para vilipendiarem, ou, nuns poucos casos, fazerem o mal contra terceiros e, pior, inocentes.
É o chamado sentimento da pertença ao rebanho, ou à manada, culturalmente muito enraizado em certos grupos de índole tribal, agindo por empatia, cheiro, odor, ou solidariedade da patifaria.
E até mesmo na política, quer à esquerda quer à direita, é muito comum o sentimento de grupelho, seita ou espécime.
Segundo a ordem natural da vida, qualquer indivíduo nascido, seja ele negro, amarelo, castanho ou branco, é um ser dotado com a igualdade e irmandade de direitos e deveres com os demais.
Ora, tudo o que seja contra o princípio universal da igualdade na diversidade humanas é uma grave manifestação de racismo, discriminação, portanto, atentado contra a Humanidade e crime contra os Direitos Humanos.
Desde o princípio da nacionalidade portuguesa e da independência de Portugal, tendo sempre convivido pacífica e cordatamente na terra lusa, por mais de 8 século, brancos, árabes e mestiços (moçárabes), negros (escravos, ou não), outras raças, cores, credos e confissões, pelo que a tentativa de imposição, o estabelecimento, de outra forma diversa de convivência, a descriminação, segregação, aviltamento ou exclusão de quem quer que seja , jamais poderá ser tolerada entre nós.
A exceção trágica e infeliz à diversidade cultural, religiosa e rácica na terra portuguesa, de mais de 8 séculos, foi a perseguição movida aos judeus pelo Rei, de má memória, Dom Manuel I.
Somos todos iguais, criados por Deus e pela natureza, o que nos pode diferenciar são a educação, os sentimentos e a formação, na individualidade, ou singularidade, própria de cada um na diversidade do Ser Humano.
Os primeiros europeus, incluindo os primitivos habitantes da península ibérica, há milhares de anos atrás, até terão sido negros, oriundos do continente africano.
A questão rácica e quem a problematiza fá-lo somente por evidente e mesquinho agir de maldade, má-formação e ignorância.
Qualquer indivíduo, de bom íntimo, boa consciência, trabalhadora, pacífica e humana estará sempre de bem com todos, independentemente das diferenças de cor, raça, religião, opção política ou orientação sexual, ou outra.
Isto é razoável para qualquer consciência humana e é, sem exceções ou contemporizações, válido e imperioso para todos e qualquer um.
Tenho por seguro que o preconceito mais não é do que estupidez e ignorância.
(twitter: @passossergio)
(artigo do autor, publicado na edição de 30 de Agosto de 2020 do jornal mensário regional "Horizonte" de Avelar, Ansião, Leiria)