Aquilo que até há pouco mais de 10 anos era conhecido pela exploração semanal de 2 jogos, do Totoloto e da Lotaria Nacional, como meio de angariação de receitas para o apoio financeiro da meritória acção social levado a cabo pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, está agora convertida numa enorme multiplicidade de tipos e apostas de jogos diários e semanais, cada vez mais caros e viciantes a que se vieram somar mais recentemente o Totoloto, Euromilhões, "raspadinhas instantâneas", apostas de jogos na hora, etc., etc.
Santa Casa do Vício do Jogo é o no que parece que se transformou!
Mas os danos e custos sociais, económicos e humanos resultantes desta progressiva viciação e alienação que se abatem sobre dezenas de milhares de famílias portuguesas, privando-as de meios económicos e financeiros para acudirem às necessidades básicas de alimentação e sobrevivência, por causa da adesão popular aquela enorme oferta de jogos de azar, são enormes e graves.
Vergonhosa e hipocritamente, perante esta enorme tragédia social portuguesa, os poderes públicos nada fazem, viram a cara ao lado, e nem sequer os partidos políticos se atrevem a denunciar este novo flagelo social.
Mas, até onde irá esta cegueira e destruição social, e quando é que alguém corajosamente lhe põe fim?
O problema para a formação do próximo Governo de Portugal é de natureza ampla e profunda, não de uma mera soma aritmética, antes, está no próprio cerne da democracia portuguesa.
A inabilidade das esquerda e direita para formarem Governo é o resultado da síndroma da derrota sofrida pela democracia.
Os partidos eleitos não têm mais nem a capacidade própria, nem a legitimidade popular, para assumirem um mandato real que há muito não possuem.
A nossa democracia parlamentar representativa está há muito gravemente doente, mas os partidos formalmente eleitos, quais psicopatas bipolares, limitam-se a assobiar para o lado!
E o Partido Socialista para chegar apressadamente ao poder, mesmo sem receber um expresso e objetivo mandato popular para tanto, aceita aliar-se aos marxistas-leninistas PCP e BE, declarados inimigos das liberdades.
Este casamento de conveniência do PS, com o repúdio dos PSD e CDS-PP, devia marcar o ponto de partida para a tomada de reformas da organização política e constitucional nacional.
Mas o povo português ainda não está maduro para mudar e se salvar, aliás continua o seu rumo suicidário e, nos curto e médio prazos, só terá tendência para piorar a sua condição.
Afinal, não é por acaso que mais de metade dos portugueses toma para sua vantagem um possível Governo formado pela associação entre a anarco-ululante extrema-esquerda e as ilusões despesistas de António Costa.
Daqui por um ano e pouco receberemos a prenda dum novo resgate financeiro internacional, um aumento brutal de impostos, mais miséria, desemprego e fome!
Nessa altura estes demagogos virão com a patranha de que as culpadas foram as União Europeia, Angela Merkel e Alemanha!
Em Portugal a culpa é sempre dos outros e o maldito trabalho pelas soluções, sempre árduo e trabalhoso, é coisa desprezível.
A tragédia portuguesa é a dependência do excessivo peso do Estado na economia e na sociedade, fazendo depender a nossa própria sobrevivência dos humores e apetites dos partidos políticos na simples formação dum Governo.
A eterna tragédia portuguesa decorre do excesso de Governo e de Partidos Políticos nas nossas vidas, o que só tem servido há mais de um século de pasto para as incompetência e nulidade democrática dos eleitos.
O repetente autoritarismo nacional revela sobretudo a sua inabilidade, umas vezes, para nada fazer de útil e em benefício dos portugueses e Portugal e, nas outras, para nada nos deixar fazer!
(artigo do autor publicado na edição de 1 Novembro do mensário
regional "Horizonte", de Avelar, Ansião, Leiria - http://www.jhorizonte.com)