Em Portugal, há já muito tempo, é um lugar comum dizer-se que não existe nenhuma democracia, funcionando sim de facto um regime de ditadura do Bloco Central.
O caso e o escândalo causados pelas palavras desastradas e insensíveis do Presidente da República Cavaco Silva acerca da sua pensão, da semana passada, perante o actual grave sofrimento do Povo português, mergulhado em gravíssimas dificuldades, só vieram revelar de maneira aguda a total e absoluta insensibilidade do poder politico perante o estado em que os portugueses se encontram mergulhados.
Apesar mesmo de ter havido publicamente e em geral a aceitação de que as declarações de Cavaco eram despudoradas, soando essas a impropérios para com os portugueses, estes, na esmagadora maioria, qual povo acobardado e servil, preferiu calar-se e, antes e mal, dedicar-se a atacar os corajosos que resolveram colocar o seu nome nas duas Petições que apelavam e apelam à demissão do Presidente.
Foi apenas mais um episódio da característica e mesquinha inveja à portuguesa: como e quando não se tem a coragem de o fazer, neste caso assinar as petições, diz-se mal e injuriam-se os corajosos e livres portugueses que, com a sua dignidade e o seu orgulho cívico, disseram que não aceitavam a ofensa de quem já é rico e nababo, beneficiado anos a fio pelo regime e pelo sistema e, ainda por cima e sem vergonha, pede mais imerecidos benefícios e mais desproporcionadas benesses à custa do depauperado erário público.
Mas o comum e a maioria dos portugueses, os que não assinaram a petição, preferem antes continuar a viver silenciosa e tensamente, no seu dia a dia, o rancor contra si mesmo, preferindo-o demonstrar invejosamente com a violência diária social contra as suas famílias e as suas vidas, numa raiva incontida e anti-cívica, muitas vezes mesmo anti-social, perante esta situação geral de degradação, miséria, ruínas económica e anímica colectivas a que o país chegou.
E o poder político instituído e vigente, destilando mais uma vez o seu veneno, através da acção dos seus peões e serventuários, cães de fila da escrita e da comunicação, veio para a imprensa escrita, para a Internet, para as televisões e as rádios, escarnecer das Petições contra Cavaco e, ainda mais despudorada e maldosamente, atacar o povo e difamar todo o colectivo português, nas pessoas dos peticionários, não sem esquecer insultar a consideração do mesmo povo, recorrendo aos mais diversos insultos e ao achincalhamento da cidadania e, em última mas derradeira análise, com o menosprezo da própria democracia.
O facto dos ataques e do desrespeito pelos peticionários e pelas suas justas indignação e repulsa perante as despudoradas declarações do egoísta e insensível Presidente Cavaco Silva perante o seu povo que sofre tão dolorosamente a crise, de que ele próprio o Presidente é e foi enquanto ex-Chefe de Governo nos idos anos 80 e 90 um dos principais autores e responsáveis, só vieram demonstrar e manifestar de fundo a enraizada cultura anti-democrática do sistema e do regime vigentes e, afinal, da actual República portuguesa.
Caso o sucedido fosse numa qualquer democracia de um dos países da Europa do Norte, não demoraria mais de uma semana sem que o visado, fosse ele Presidente ou Primeiro-Ministro, ou qualquer outro eleito, logo de imediato se demitisse e de acto contínuo saísse pelo seu próprio pé do lugar eleito e com um público, sincero e obrigatório pedido de desculpas públicas.
Mas isso só sucederia, e sucede, como o conhecemos em muitos casos recentes e passados em países como a Alemanha, Suécia, Dinamarca, Finlândia ou Noruega, que são países de profundas e convictas consciências e práticas democráticas, profundamente enraizadas, e que são países que vivem em plenos, pujantes e felizes patamares e níveis de desenvolvimento humano, económico, social e civilizacional.
Ora, mas como já sabemos, no caso dos portugueses e de Portugal, o comportamento indecoroso, vergonhoso, sem respeito nem cultura democrática do poder eleito político pelo seu povo, mais não é do que o outro lado ou a outra faceta consequente de um país empobrecido, deprimido, sem crédito, sem rumo, servil e miserável.
Afinal, só se conclui uma vez mais que o regime bafiento e podre em que assenta a III República Portuguesa mais não é do que um projecto de ruína e destruição nacional iniciada em 25 de Abril de 1974, com a morte certa anunciada para a independência nacional e, muito provavelmente, para a liberdade do seu próprio Povo e das suas gentes.
Talvez a maioria do Povo Português, os tantos milhões que não se dignaram a manifestar a sua indignação perante as palavras tristes de Cavaco Silva, queiram desta maneira deprimida e torturada demonstrar que preferem ser escravos e infelizes e, de tal sorte, não tão inconscientemente, afinal de contas, sejam o que sentem e o que merecem.
Mas, enquanto houver peticionários, resistentes desta fibra e desta coragem, haverá ainda uma oportunidade e uma boa possibilidade que Portugal tenha a massa cinzenta, as gentes e as forças para resistir e continuar a manter o sonho de um Portugal digno, independente e livre.
Até quando?
A Comissão Europeia processou o Estado Português por, alegadamente, maltratar as galinhas,…
Ora, ora… a Justiça portuguesa, por sua vez, é incapaz sequer de julgar e prender os conhecidos Altos e Notáveis "pilha galinhas" que se abotoaram com tantos e tantos milhões e vivem por aí impunemente e ainda se gabam ufanamente com isso!
Será caso para dizer que cada povo e cada país têm o respeito que merecem?
Aos altivos, aos arrogantes e aos prepotentes, por maior que seja o seu poder e a sua dominação e até mesmo que venham por agora a possuir só para eles a terra e os seus recursos, eu lhes digo e afianço, nunca me há-de faltar, nem me conseguirão jamais tirar, a minha fé no Deus justo e a minha esperança de num futuro próximo o mundo seja informado e agido de uma repartição mais fraterna e mais igual de todos os bens entre todos os seres humanos.
Os partidos são necessários e respeitáveis, mas para tanto necessitam é de pessoas respeitáveis.
Em democracia não há ideias erradas até o serem comprovadamente, podemos sim e temos o direito inviolável de discordar delas e até acharmos, em contrapartida, as nossas certas.
A nossa verdadeira capacidade democrático faz-se no respeito pelos outros, pelas suas diferenças e pelas suas ideias, antes mesmo de julgarmos possuir qualquer certeza sobre o quer que seja.
Vejo alguns cínicos e hipócritas neste país defendendo que a melhor forma de melhorar a democracia seria mandar calar o povo.
Ora, temos de responder a esses falsos democratas e tiranetes que se dantes não tínhamos por hábito falar de boca cheia, agora de estômago vazio não nos faltam motivos para falar.
Num país como Portugal em que está praticamente toda a gente está falida, avaliar e julgar os outros pelas suas aparências ou pelo que parecem ter é certamente um logro.
Mesmo assim e apesar do engano certo e as pessoas continuando a faze-lo, só poderemos concluir que ou são loucas, ou então, pasme-se, devem pensar que é possível enganarem-se a si próprias.
Cavaco Silva recebe(u) ilegalmente o suplemento para as suas despesas de representação?
Diário de Notícias levanta dúvidas e questões!
Muitas e sérias dúvidas, o que é facto é que os salários dos políticos, as reformas e as pensões são uma constante "escandaleira"
O "raio que os partam": definitivamente a profissão de político, nos dias de hoje em Portugal, está pior e está mais mal vista do que a "carreira do crime"!!!
A crise que vivemos é maravilhosa: Portugal vive, em 9 séculos de História, pela acção exclusiva do seu povo, a sua primeira genuína e verdadeira revolução democrática.
A sociedade deve começar por ensinar a partir da 1.ª classe da escola o que é a democracia.