Ideias e poesias, por mim próprio.
Sexta-feira, 29 de Outubro de 2010
Chuvas.
Vêm grossas e finas de surpresa e de sopesão,
De repente batem e anunciam o tempo novo
São donas do ar e trauteiam as suas pautas e a sua música
Enrolam o ar caindo pelo solo e arrastando abruptamente
Fogem e correm possuidoras e pelo vento
Enxovalham as folhas secas caídas, escorrendo sua presença
Puxam no vento as copas, lavando as naturezas
Assustam-se os transeuntes correm os pés apressados
O tráfego pára e atónitos os segundos espantam-se
Abrem-se logo fechados os apara águas
A sua constante batida presença é uma voz de comando
Descem telhados e telhas, inundam calhas e irrompem
Nos instantes conquistam o mundo e são imperatrizes
São chuvas, são águas, são vidas repetidas.
São as águas, são o tempo de Outono.
Sexta-feira, 22 de Outubro de 2010
Os teus dias.
Por teus olhos vejo vales e montanhas
Em teus olhos vejos sombras e luz
Subo e desço pelos teus escorreitos e sinuosos caminhos
Olhei e reconheci um lugar lembrado e me seduz
Sei de cor e muitas vezes recordo, e não te tenho.
Tenho os dias e as noites e caminho sem albergue.
Teus olhos teus castanhos bagos de azeitonas
Teu cabelos tuas sedosas folhagens de olivais
Teus peitos e o teu corpo escorrendo finos desejos
Teus gestos e tua sensualidade em ti se apascentam
Teus dias são os meus e meus não são
Teus dias e os meus passam e quedo-me sem que te negue.
Amo-te.
Amo-te
Como o dia ama a luz do dia
Como os dias de dia
Como as noite de noite
E como a lua ama as noites de luar.
Como o céu ama as estrelas e com elas se deita
Como as minhas gratas lágrimas me correm por ti
Como o meu riso lembrando-te por ti sorri
E como a minha vida ama o teu tempo.
Como o meu corpo por ti se exalta
Como o teu corpo a mim me chama
Como tu para mim és a sementeira
E como eu para ti hei-de viver na terra.
Como não há nem houve
Como há-de e nunca foi
Como hei-de e não fui
E como tu és e o destino.
Amo-te.