Ideias e poesias, por mim próprio.
Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008
Felicidade.
O caminho para a felicidade é simples.
É uma mera escolha de entre dois caminhos.
Ou dedicar-se a outro até o fazer absolutamente feliz, ou dedicar-se unicamente a si próprio e fazendo dos outros os meios do seu egoísmo.
Sonho II.
Vejo-te no dia e sonho-te na noite
Sonho de dia e não te vejo na noite.
Procuro-te no dia e vens-me em sonho à noite.
Sonho-te de dia e não te vejo à noite.
Levanto-me contigo e deito-me sem ti.
Corre o dia em ti e vens-me à noite sem ti.
Sonho em dia e à noite por ti.
Sonho e não sonho: por ti.
Sábado, 27 de Setembro de 2008
Sonho I.
Serás tu?
Serás tu o meu sonho Sonho?
Quem me dera
Quem me dera que viesses sonho ao meu redor
Que viesses sem ter que fechar meus olhos
Que viesses iluminar meus olhos
Que viesses dar luz à minha volta
Que me fechasses meu olhos cegos da tua luz.
És tu Sonho?
Quinta-feira, 25 de Setembro de 2008
Meninas fúteis.
Borbulham como champanhe,
caldeiam de taça em taça
pululam de lugar em lugar
buscando seus efémeros momentos de êxtase.
Abrem-se, consomem-se, apagam-se
mostram suas rendas e seus bocados
seus decotes e suas curvas, seus pedaços.
O sexo é mesmo um êxtase e um momento.
Meninas, fúteis e mundanas.
O mundo é uma enorme festa
o mundo é um grandioso palco.
Movimentos, trapos, carnes, cores e sons
É um nunca parar. Agitação.
Meninas lindas e não, transparências de glamour.
Formas e figuras ausentes e presentes
formas irreais, fumos e substâncias.
Noite, luz, sombras, traços e cheiros
Os tempos consomem-se, os espaços definham.
Adoro meninas fúteis.
Borbulham; borbulham.
Quarta-feira, 24 de Setembro de 2008
A tua copa.
Aos teus pés balanceavam castanhos e verdes
Olhavas de baixo e estavas acima
Chegar-se ao teu perto prostra-nos a teus pés
Um convite faz-se de humildade
E faz quem de tal modo sua grandiosidade.
Um sorriso faz flores assim te pondo tu
São mil encantos sobressaindo das folhagens
São flores mais desfolhando-se em ti
Tuas formas e natureza revelando à imaginação viagens.
Terça-feira, 23 de Setembro de 2008
Lábios vermelhos.
Os cabelos tecidos em teu rosto
São fios apanhados e soltos.
As sedas e linhos em teu rosto
São mantos desfiados cobrindo e descobrindo.
Tua face irrompe numa expressão denotada.
Lábios teus guardando pensamentos conotados
São rosáceos e salientes carnudos.
Ameias as maçãs frescas e desveladas.
Olhos teus maturados,
Secretas veredas se guardam nesse silêncio
Segredos amarados em teu porto inseguro,
Águas calmas e brancas aí se aviltam. Auguro.
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2008
Carentes de Amor.
Carentes há os mais e os menos
Carentes deverão ser todos e mais nenhuns
Não-carentes não deverão ser sem excepção quaisquer uns
Carente é estado de essência da humana natureza.
Ter e querer amar é condição de humanidade
Ser de amar e de ser amado é o cartesiano de existir
Amar é dar e receber o ser no outro
Amar é ser humano e ter tudo e nada mais.
Ter necessidade de amor é ausência e presença
Ser amado e amar é preencher-nos continuamente
Ser amado é incompletude e perfeição
Ser amado é o ser e a intemporalidade.
Só carente não é quem esqueceu o amor
Só carente é quem se revê num outro
Só ama quem amado quer ser
E só amado é quem logra amar.
Já eu amar e ser amado não os quero
Quero não correr o risco de esquecer o amor inteiro.
Carente sou e quero-o ser completamente
Quero amar e ser amado tomando no peito a Humanidade.
1 metro.
Um metro não tem só 100 centímetros
Nem só 10 decímetros
Ou até 1000 milímetros.
Um metro tem medida e não tem
Um metro é uma medida decerto
É dos tamanhos que falamos.
O tamanho é um pouco e muito
Há poucos que são muito e muitos que são pouco.
Tudo é um ponto e de vista
Tudo é o ponto de vista de um observador.
Há pouco e muito e muito e pouco
Há muito pouco e pouco muito.
Um metro é medida à medida.
Um metro de medida
Mais ou menos é metro.
Nem tamanho nem grandeza se fazem por medida
Tudo se faz pouco e o pouco se faz muito.
Quem dera pouco e quem dera muito
A cada um segundo a sua medida ou apetite
Sem contudo cada um nunca ou raramente se satisfaça.
Tudo é olho ou barriga,
Há quem se faça a metro e há quem a metro faça
Há grandezas e misérias em pouco e muito,
Há já pouco e já houve muito.
Metro a metro se fazem mais
Pouco a pouco muitos se fazem
Muito em muito muito pouco bom vimos.
Muito e pouco há de tudo um pouco
Metros e mais cada vez há mais
E pouco e nada também fazem vezes de muito.
Ele há metros e metros
A medida certa sabe e não sabe cada um
E no fim há-de sempre restar ou mais ou menos de metro.
Dito isto, qual é a medida de cada um?
Aqui vos deixo três dúzias menos um.
Sábado, 20 de Setembro de 2008
Fui àquela fonte com a minha sede.
Fui àquele fonte com a minha sede
Ali vi castanhos ulmeiros rodeando-se de verdes olhos.
Fui àquela fonte avisado pelo seu encantado chamamento,
Dali ouvi uma corrente trepidante, contudo serena.
Era o Verão de Inverno de nono dia.
Naquela fonte deleitei-me no sorriso da sua água,
Corria límpida e enxuta do seu alto.
Naquela fonte refresquei meus secos lábios,
Soube-me fresca como se fora alimento da minha sede.
Era o meu Verão de Inverno de dia nove.
Nela mergulhei meus dedos secos,
Tacteando suas frescas mãos me espelhei.
Ali colhi meus anos da memória da minha sede,
Dali parti avivando a incerteza dos meus dias vindouros.
Era o meu dia nove de Verão e de Inverno.
Fui àquela fonte e parti com a minha sede
Fui na sede e aí me alimentei na sua sensualidade
Dali colhi avivados os meus sentidos.
Em suas sombras e silêncios todo eu me encontrei.
Era o meu dia nove.
Fui e voltei daquela fonte e nela me fiquei
Fui e a ela voltarei pela melodia do seu caminho
Nos seus verdes e castanhos recantos deixei os meus ditos
E aqui agora a sua viva alegria me corre pelo peito.
Domingo, 7 de Setembro de 2008
Inspiração de Outono.
Vieste com as primeiras gotas de Outono,
Vieste esperança dum tempo vindouro.
Chegaste chamada de desejo,
Trazias ainda teu perfume de cerejas.
Sou-o no sentimento da distância,
Sinto uma presença de ausência.
Vejo-te na luz que rasga no céu
Tão longe e tão presente.
Abraço sentido que me acolhe,
Regaço que me aconchega.
Perfume teu que me envolve,
Saudades que se me despertam.
Vejo agora dias e noites na tua procura.