O Sol vem sem dono e desapropriado das suas posses
O Sol vai-se desgarrando sem fim e sem conta
Faz-se e desfaz-se em vestes purpúreas
A luz vinda do fundo do seu fogo redondo
Calotes de fogo apresentadas são dias
E de costas voltadas vive às noites
O dia e a noite vivem nos dois lados do Sol
Astro de alimento de planetas de um sistema
Arco-íris do abraço encontrado nesta terra viva
Afinal sem fim a luz segue além e se vai
O Sol morre vivo no rasto deixado por alimento
O Sol é a minha vista enxergada aquém e além
As espécies aquecem-se e rebolam-se no seu claro calor
A fauna, a flora, a terra retorcem radiação
O fogo percorre a vida a cinzento e todas as cores
A vida é luz, os electrões são santidade e no fim somos cinza.